A discussão de cobrar das rádios pela transmissão de futebol é antiga
A discussão de cobrar das rádios pela transmissão de futebol é antiga. Mas nunca avançou, porque sempre se reconheceu a importância do serviço prestado. Isto, durante muito tempo. Só que agora, o que se observa, é uma situação bem diferente e das mais desiguais.
E nem tanto pelas emissoras tradicionais, hoje até em números bem reduzidos e com uma boa maioria optando pelo “off tube”(transmissão do estúdio e não do estádio), mas as que transmitem através de um canal de “youtube” e que operam via internet.
Analisem essa realidade:
Em São Paulo, na ponta do lápis, apenas o Estádio do Morumbi, tem capacidade para abrigar essa quantidade toda que requisita posição em estádios. Lá, porque é maior, sempre acaba-se dando um jeito.
Mas, em outros lugares e mesmo no caso de arenas importantes, como Allianz Parque e a Neo Química, não tem como acomodar todo mundo, o mesmo acontecendo em Estádios pequenos como o Hailé Pinheiro do Goiás Esporte Clube, o Antônio Aciolly do Atlético Goianiense e tantos outros pelo Brasil, não tem a mínima condição de acomodar profissionais da imprensa alternativa que transmitem pelas suas Redes Sociais.
Hoje, o que se observa, é uma bagunça generalizada, que está levando federações, a CBF inclusa, e mesmo o YouTube, a buscar maneiras de normatizar esse funcionamento de outra forma.
É por aí que está entrando novamente em questão a cobrança pelos direitos. E parece que nunca, ao contrário de outras vezes, essa disposição esteve tão forte. Ou tão próxima.
Presidente da “LIGA FORTE UNIÃO” é contra a cobrança de Direitos de Transmissão para rádios na divulgação do futebol:
CEO do Fortaleza Marcelo Paz. Foto: Site – Radioamantes.
Em entrevista ao programa Concentração, da Rádio Bandeirantes, Marcelo Paz, que é CEO do Fortaleza e presidente da Liga Forte União, que é uma das mais importantes associações de clubes de futebol no Brasil (a outra é a Libra), posicionou-se de forma contrária à cobrança de direitos das emissoras de rádio para transmitir os jogos. Além disso, ele reconheceu a importância história do veículo na divulgação do esporte no país.
“À princípio, não sou a favor da cobrança. Eu acho que a rádio tem um contexto histórico. A rádio (sic) difundiu o futebol por muito tempo, quando não havia tevê, então era a rádio que chegava na casa das pessoas” afirmou.
O cartola lembrou que foi o rádio que transmitiu as participações importantes de seu clube em duas edições de campeonato brasileiros, quando foi vice-campeão, em 1960 e 1968 (já considerada a unificação dos títulos). “O público daqui só acompanhou isso pela rádio, não tinha televisão. Então tem uma dívida histórica, digamos assim, e eu não acho que tenha sim que chegar agora e obrigar (a cobrança)”, falou.
Paz reconheceu que muitas emissoras não teriam condições de pagar para transmitir os jogos. Caso houvesse essa cobrança, o dirigente reconhece que teria de haver uma contrapartida, como a transmissão de jogos exclusivos, espaço para os profissionais de rádio poderem trabalhar no gramado, entre outras coisas.
“Essa discussão nem está em pauta dentro da LFU, os clubes nem falam sobre isso”. falou.
O que incomoda ao cartola é que existem alguns programas de rádio e radialistas que, segundo ele, achacam os dirigentes, cobram para falar bem ou até mesmo para divulgar informações. “É aí onde o dirigente fica chateado”, disse.
Alexandre Praetzel e João Paulo Capellanes, apresentadores do programa, perguntaram se tal coisa não acontece em programas de televisão, entretanto, Marcelo Paz declarou não conhecer casos assim. Para Capellanes, o clube tem direito de banir do dia-a-dia dos clubes profissionais que se comportam mal, espalhando fake news ou descendo o nível.
Volta e meia, surge na mídia informações dando conta de que as emissoras de rádio vão ter que desembolsar valores para a transmissão de partidas de futebol no âmbito doméstico. No último dia 4 de novembro, Flávio Ricco publicou em sua coluna no portal Léo Dias que CBF e federações locais estão buscando de normatizar a presença das emissoras nos estádios de futebol e que essa questão passa necessariamente pela cobrança.
Ouça abaixo o trecho da entrevista com Marcelo Paz.
Ricardo Lima / Fontes: Flávio Rico / José Carlos Nery / Rodney Brocanelli – Radioamantes