Como bom estrategista que é, Caiado precisa avaliar primeiro o terreno onde está, supostamente, pré-disposto a pisar
As movimentações políticas em Goiânia tornaram-se mais intensas desde o início do ano. A percepção é de que chegou o momento de alguns nomes mostrarem a que vieram. Isso significa que não há mais espaço para aqueles que simplesmente ensaiam entrar em cena. O contexto requer posição. Com a chegada do novo ano, os atores que estudam ocupar a cadeira de Rogério Cruz (Republicanos) se viram obrigados a tomar uma posição mais concreta no tabuleiro político.
Foi assim com as lideranças da esquerda, que logo firmaram uma via na disputa. A deputada federal Adriana Accorsi (PT), inclusive, já tem data marcada para o lançamento de sua pré-candidatura — será na manhã do dia 3 de fevereiro.
O mesmo fez Jânio Darrot (MDB), que tomou, sem rodeios, posição como candidato da base do governo Caiado. O fato mais recente na história que cerca a trajetória de Darrot rumo à briga pelo Paço, porém, passa pelo apoio do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (PRD, à caminho do MDB).
Nos bastidores, a percepção é que o político tem atuado como “ponta de lança” da turma caiadista. Ele tende a figurar, ao menos nesse primeiro momento, como alguém com a missão de abrir caminho ao time de peso encabeçado pelo governador de Goiás. Mas não só: talvez a missão mais importante seja explorar o território.
Darrot tem o desafio de aglutinar, e todos sabem disso. Com a influência de Mendanha, um político quisto pela população goianiense, a expectativa é que Jânio ganhe musculatura em seu projeto. Segundo fontes do governo, tudo será avaliado por meio de pesquisas realizadas nas próximas semanas.
A cúpula governista acredita que Jânio tem o “perfil” que o goianiense busca: alguém com experiência em gestão. Mas isso, por si só, não basta. O político precisa, para além do tal perfil desejado, cair no gosto do povo. A missão, na interpretação de alguns atores, é desafiadora, mas não impossível. Especialmente se o time caiadista entrar em campo “pra valer”.
Há, nesse momento, a sinalização de apoio de Mendanha e da filha do ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende, Ana Paula. Ela, inclusive, é cotada para vice de Darrot. São cenas dos próximos capítulos da política goianiense. Enquanto o anúncio não acontece, o governador estuda dia após dia a melhor tacada. Caiado não quer — e não vai, avaliam — dar um “tiro errado”. Portanto, como bom estrategista, precisa avaliar primeiro o terreno onde está, supostamente, pré-disposto a pisar. E é nesse contexto que Mendanha é visto como uma figura essencial.
Na contramão disso, porém, o discurso do ex-prefeito de Aparecida é que sua escolha em apoiar o nome de Darrot não tem relação com um pedido direto do governador. Em coletiva de imprensa na terça-feira (30/1), Mendanha afirmou que sua decisão é pessoal e que não passou por intermediação de Caiado, nem pelo vice Daniel Vilela (MDB). No entanto, uma fonte consultada pela reportagem contesta, sem titubear, a versão apresentada: “qual a chance dele ter feito isso sem o aval do governo?”.
Logo após a coletiva da semana passada instaurou-se a leitura de que objetivo do anúncio de Mendanha foi ‘puxar uma onda de apoio de candidatos da base’ em torno do nome de Jânio Darrot. “Jânio foi um prefeito que fez um trabalho extraordinário. Conhece Goiânia, tem experiência e está ladeado por pessoas que vão contribuir com a cidade”, disse.
Ricardo Lima / Fonte: Felipe Cardoso – Jornal “O Hoje”