Partido perde única cadeira no legislativo e novo cálculo do quociente eleitoral deve ser feito
A cassação do mandato do vereador Nélio Fortunato (MDB) pode mudar a configuração da Câmara Municipal de Trindade, mas não a base do prefeito Marden Júnior (UB). Hoje, União Brasil e MDB compõem, em Goiás, a principal aliança política. Essa ressonância aparece, por exemplo, na composição do Executivo municipal na cidade, com o UB no comando da prefeitura e o MDB com a vice.
Fortunato teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que identificou fraude na cota de gênero para as eleições de 2020. De acordo com a Justiça Eleitoral, quatro candidatas registraram candidatura, mas sequer pediram votos para si durante a campanha. A ação foi movida pelo vereador Fernandinho Barbosa (UB) através do advogado eleitoral João Márcio Pereira.
Em nota, a defesa de Fortunato declarou que vai apresentar os recursos pertinentes, e acredita que a sentença que julgou improcedente a ação manejada em seu desfavor no juízo singular, será reafirmada nos Tribunais Superiores, com a reforma da decisão proferida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás.
Porém, com a iminente saída de Nélio, ao menos três movimentos podem acontecer, segundo lideranças políticas do município: A primeira opção seria a entrada de Fernandinho na vaga aberta, mas devido ao licenciamento do vereador Jhonatan Reis (UB), ele já assumiu uma das cadeiras na Câmara. Com isso, pode ocorrer diplomação de Zé da Nossa Casa, segundo suplente.
Mudança no parlamento:
O MDB também foi condenado na ação. Com isso, todos os votos recebidos pelo partido serão anulados, o que deverá mudar o quociente eleitoral. “A recontagem dos votos vai dar outro problema, com a recontagem vai ter mudanças nas cadeiras também. Quando deixar de computar os votos do MDB, pode serque o Manin do Esporte ou o Marcos Ferreira podem sair”, diz um vereador.
O quociente eleitoral é um cálculo que determina quantas vagas cada partido ou coligação terá direito na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais. Ele é obtido dividindo-se o número de votos válidos pelo número de vagas em disputa.
Por exemplo, se em cidade tem 19 vagas para vereador e o número de votos válidos foi de 43.194, o quociente eleitoral será de pouco mais de 2,8 votos. Isso significa que cada partido ou coligação precisará ter pelo menos 2,8 mil votos para eleger um deputado. Esse é o chamado quociente partidário, que indica quantas vagas cada partido ou coligação conquistou. Depois, dentro de cada partido ou coligação, os candidatos mais votados serão os eleitos, respeitando o limite de vagas do quociente partidário.
Unido:
A perda do único representante no Legislativo pode ter algum impacto no grupo que hoje comanda o município?
Na visão do presidente da Câmara de Vereadores, não. “Ter um representante no Legislativo é importante na composição, mas vamos analisar como isso vai influenciar na composição. Não acredito que tenha tido algum tipo de ruptura”, diz Pastor Zeca (PP).
Com o retorno de Jânio Darrot ao MDB, comandado há anos pelos irmãos Fortunato, a expectativa é que o número de representantes no Legislativo cresça, assim como a influência da legenda. Na perspectiva dos atores políticos da cidade, a legenda deve indicar o próximo vice-prefeito.
Sem um representante no parlamento, no entanto, é possível que outros partidos cresçam o olho na vaga hoje ocupada pelo MDB, a de vice-prefeito.
Sentar à mesa:
Considerado como um habilidoso articulador político, Marden Júnior já teria se reunido com o vereador para articular os dois possíveis cenários: a eventual perda do único mandato do MDB e uma apaziguação dos ânimos.
Um aliado do prefeito comentou, em off, que a ação não muda as composições e que a ação foi proposta em um cenário político mais instável e que não acredita em indisposição. “O Marden não se indispõe com ninguém e não acredito que alguém vai querer chutar a boca do jacaré”, aposta.
Ricardo Lima / Fonte: Redação “Jornal Opção”.