Ao chegar em Goiânia, cercado de apoiadores, o ex-presidente não respondeu aos questionamentos de jornalistas sobre as investigações da PF
De volta a Goiânia nesta sexta-feira (18), o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro parecia alheio à turbulência de dois imbróglios envolvendo o seu nome: o caso em que o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, preso, tentou vender joias que seriam da Presidência e sobre as declarações do hacker Walter Delgatti Neto sobre ter recebido apoio da deputada federal Carla Zambelli para tentar invadir o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro.
Com a presença do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), a sessão presidida pelo deputado estadual Bruno Peixoto (União Brasil),
Por causa disso tudo, nesta quinta-feira (17), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a quebra de sigilo telefônico do ex-presidente. Enquanto Bolsonaro percorria a cidade, as emissoras de notícias 24 horas repercutiam informações sobre os casos envolvendo ele.
Ao chegar em Goiânia, cercado de apoiadores, Bolsonaro não respondeu aos questionamentos de jornalistas sobre as polêmicas. Antes, contudo, o deputado federal Gustavo Gayer (PL) foi às redes sociais para, segundo ele, fazer o alerta de que “a esquerda” estaria desmentindo a vinda do ex-presidente.
Depois, já durante o evento na Alego, Gayer, elogiou Caiado. “Nessa luta tem que ser forte para aguentar o tranco. Fico de ver o senhor [governador] e o nosso presidente [Bolsonaro] juntos. Vejo uma união imbatível. Juntos. Caiado é Bolsonaro ninguém segura”, arrematou.
Em sua fala, o senador Wilder Morais, nos cumprimentos, ressaltou o nome de Gayer à disputa pelo Paço ano que vem. “Torço”, concordou Vitor Hugo, também na tribuna. O ex-deputado e ex-candidato ao governo em 2022 também recebeu o título de Cidadão Goiano.
Antes de discursar, Caiado brincou: “Eu tenho que ficar à direita do plenário.” O público riu. Em seguida, Caiado classificou Caiado é Vitor Hugo como “dois políticos respeitáveis”.
Acerca do título, o governador disse que tem “uma relevância ímpar” e que “não se pode vulgarizar o título de Cidadão”. “É uma honraria que impõe muito mais deveres do que direiros”, lembrou o mandatário.
Caiado ainda comparou Bolsonaro a Juscelino Kubisheck. “Depois de Juscelino Kubisheck o senhor foi o presidente que mais investiu no Estado de Goiás.”
Logo no início do discurso, Bolsonaro lembrou que acompanha Caiado desde que o goiano foi candidato a presidente em 1989. Na ocasião, ele discursava em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Respondendo à provocação de Caiado sobre cavalgar em Barreto e pilotar moto, Bolsonaro disse que faltava convidar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Como chefe do executivo colaborei com vocês da melhor forma possível”, garantiu ele sobre o agronegócio.
A despeito da reforma tributária, Bolsonaro a classificou de “esdrúxula” e que “votaria contra”.
Antes da cerimônia na Alego, Bolsonaro foi para a mansão do senador Wilder Morais, que também é presidente do PL goiano. No almoço, também compareceram o ex-deputado federal Major Vitor Hugo e o deputado federal Gustavo Gayer.
Bolsonaro retorna à capital pela terceira vez desde que voltou ao Brasil – ele estava nos Estados Unidos desde o fim do ano passado – goiana para ser homenageado com o Título de Cidadão Goiano na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
A vinda do ex-mandatário tem a ver com uma proposta, em 2019, do ex-deputado estadual Humberto Teófilo. A proposta foi aprovada naquele mesmo ano. Como Teófilo não ocupa mais nenhuma cadeira na Alego, a entrega do título ficou sob responsabilidade do deputado estadual Fred Rodrigues (DC).
Antes da cerimônia, Bolsonaro visitou uma joalheria no Setor Sul, em Goiânia, onde foi presenteado pelos proprietários com uma semijoia. Na ocasião, ao receber o mimo, comentou que, a última vez que recebeu algo assim, “deu o maior problema”.
Ricardo Lima / Fonte: Yago Sales – Jornal “O Hoje”.