Pelo menos oito corpos foram removidos manualmente por moradores, com auxílio de lençóis, no manguezal do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, segundo a Polícia Militar. Seis deles já foram identificados. O fim de semana foi marcado por enfrentamentos entre policiais militares e traficantes.
As remoções ocorreram entre a madrugada e manhã desta segunda-feira (22), após a morte de um policial militar, neste sábado (20).
Os militares ocuparam o Complexo do Salgueiro no sábado, após a morte do sargento Leandro da Silva, em uma ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). A localidade é uma das mais perigosas da segunda cidade mais populosa do Rio de Janeiro.
Uma senhora de 71 anos também foi baleada no braço esquerdo, após a morte do policial e antes que os corpos fossem encontrados no mangue. Mesmo local onde o sargento foi morto. O corpo do militar foi sepultado no domingo.
Os policiais apreenderam duas pistolas e munições, além de carregadores, uniformes camuflados e drogas. O tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar, destaca que tiroteios intensos entre policiais e traficantes ocorrem no local desde a última sexta-feira em áreas de mata fechada e no manguezal.
Ele disse acreditar que os criminosos tenham ficado feridos e fugido pelas rotas conhecidas do terreno – e que tenham morrido nos esconderijos.
Blaz classificou a remoção manual dos corpos no manguezal como “algo muito ruim”, com potencial para prejudicar as provas, uma vez que isso modificaria as cenas. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, a idosa baleada foi socorrida no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, e já recebeu alta.
Polícia Civil faz perícia no local
Por meio de nota, a Polícia Civil informo que a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) está no Complexo do Salgueiro para realização da perícia próxima ao mangue, onde os corpos – ainda não identificados – foram encontrados.
“As equipes também realizam as primeiras diligências na região para a coleta de elementos informativos que possam ajudar a esclarecer a dinâmica dois fatos”, diz a nota.
Defensoria Pública e MP-RJ acompanham o caso
A Defensoria Pública Rio de Janeiro disse ter recebido relatos do que classificou como ação violenta no Complexo do Salgueiro, por meio de sua ouvidoria, e que encaminhou as comunicações ao Ministério Público (MP-RJ), para que tome as medidas cabíveis.
O órgão afirmou ainda que está em contato com lideranças comunitárias e que irá a comunidade com outras instituições de direitos humanos para prestar orientações necessárias para a defesa dos moradores, vítimas e familiares.
Por meio de nota, a Defensoria informou que deve se posicionar sobre a operação ocorrida no Salgueiro, em São Gonçalo, após visita de representantes da Ouvidoria Externa e de defensores do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) à comunidade. “Após as informações coletadas no local será possível saber quais serão as medidas tomadas em defesa de moradores, vítimas e seus familiares.”
Em nota enviada à CNN, o MP-RJ informou que o caso está sendo analisado pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Niterói e São Gonçalo, que já está acompanhando as diligências no local e tomará as medidas cabíveis. “A operação foi regularmente comunicada pela Polícia Militar ao MPRJ.”
O estado do Rio de Janeiro está sob efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, que restringe a realização de operações policiais em favelas. Elas podem ocorrer, desde que em situações excepcionais, e que devem ser justificadas previamente ao órgão.
*Com informações de Iuri Corsini e Stéfano Salles, da CNN, no Rio de Janeiro
Fonte: CNN Notícias