Prefeito ressalta que é preciso que o município volte a ocupar a condição de protagonista na política goiana e diz que Goiânia merece Jânio Darrot
Com um ciclo de grandes nomes do poder no Estado chegando ao fim, aos 33 anos, Marden Júnior (União Brasil) pode ser considerado uma das boas promessas da política em Goiás. O prefeito de Trindade teve como primeiro cargo político a base de todos os outros: foi eleito vereador da cidade em 2016. Porém, logo no ano seguinte, com apenas dez meses de Legislativo, foi convidado pelo então prefeito Jânio Darrot para comandar a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, Habitação e Regularização Fundiária.
Em princípio, ele confessa que se questionou se daria conta do desafio. Mas logo descobriu que sua vocação era o trabalho no Executivo. Dessa forma, em 2020, com a confiança do chefe, foi alçado à condição de candidato à Prefeitura pela base e venceu a eleição municipal. “Tenho uma grande gratidão por essa porta aberta que Jânio me ofereceu”, declara.
Nesta entrevista ao Jornal Opção, Marden Júnior diz que a cidade pode ser muito mais influente no destino do Estado, tanto política como economicamente. Para isso, precisa de união entre os grupos políticos, por um lado, e planejamento, por outro. Nesse caso, o prefeito também considera que Trindade precisa passar por uma formatação de seu potencial turístico, a ponto de fazer com que o turista seja o responsável principal pela receita do município. “Quem financia o turismo em Trindade é o trindadense. Em uma cidade como Gramado (RS), que tem o turismo mais maduro, é o turista quem financia, pagando suas taxas e impostos.”
Italo Wolff – De onde vem a formação política de Trindade? De onde vêm os grupos políticos que a gente enxerga na cidade? Trindade tem potencial para ser mais forte politicamente em Goiás?
O que eu percebo de Trindade hoje é que o município perdeu a condição de protagonista em Goiás, se a gente fizer um histórico disso, tanto na formação política quanto na formação administrativa. Nós tivemos grandes personalidades políticas, pessoas que saíram dali, prefeitos e deputados, mas nós sempre reagimos ao crescimento provocado pelo turismo religioso. Então, as administrações sempre tiveram uma tendência de reação a um crescimento já existente. E esse, para mim, foi o grande ponto, porque aí acaba dividindo muito.
E Trindade hoje têm grupos políticos definidos. Se esses grupos fossem unidos, nós nos posicionaríamos com protagonismo no Estado e digo até no País, porque se há uma abrangência federal, se chega a todo o Brasil. Temos e tivemos pessoas com capacidade. Valdivino Chaves tem um legado, uma história importante em Goiás, e foi prefeito de Trindade. Tivemos talentos potenciais em outras ocasiões, como [os ex-prefeitos] Ricardo Fortunato, George Morais, que foi prefeito de Santa Bárbara e, logo, também de Trindade. Depois veio Jânio Darrot (MDB), então existia uma sequência. Jânio veio com toda a bagagem estrutural, pessoal, profissional e empresarial para o campo político. Nós temos alguns políticos que se projetaram no Estado e que hoje estão na nossa base, como a ex-deputada estadual Dária Alves e a deputada federal Flávia Moraes (PDT), por exemplo. Dária foi muito importante na época de Maguito [Vilela, ex-governador de Goiás entre 1995 e 1998], e por muito tempo, as pessoas desse período foram se dividindo.
Na política existem várias lacunas e acredito que o posicionamento dessas pessoas nessas lacunas se dão pelos grupos políticos. Sempre digo que só vou chegar a ocupar um espaço se um grupo político ombrear conosco a missão de estar ali. Hoje temos o deputado estadual Cristiano Galindo (Solidariedade), que era meu assessor de gabinete e se tornou deputado com nosso apoio, com 90% da votação dele vindo de Trindade. O potencial que existe dentro de Trindade é muito significante e a gente não entendeu ainda essa grandeza. Vou dar um exemplo: acho que Trindade é a única cidade do Estado que recebe em torno de 2,5 milhões de goianos todos os anos – ou seja, mais de 30% da população goiana passa pela cidade pelo menos uma vez no ano. E essa pessoa tem a experiência de dizer se vê ali uma boa gestão ou uma má gestão. Então, mesmo morando em outra cidade, ele experimenta aquela gestão que está acontecendo. Qual outra cidade tem esse potencial? Em que outra cidade a gestão é tão próxima das pessoas? Porque nas capitais a gente costuma ter uma gestão que é macro, é mais difícil um visitante percebê-la. Agora, estamos com quase 150 mil habitantes, uma cidade com essas características tem a facilidade de as pessoas poderem estar nela e repararem se se encontra bem cuidada, bem organizada. Por isso, acredito muito no potencial que Trindade tem de ter pessoas e agentes políticos posicionados, buscando protagonismo na política goiana.
Em princípio, ele confessa que se questionou se daria conta do desafio. Mas logo descobriu que sua vocação era o trabalho no Executivo. Dessa forma, em 2020, com a confiança do chefe, foi alçado à condição de candidato à Prefeitura pela base e venceu a eleição municipal. “Tenho uma grande gratidão por essa porta aberta que Jânio me ofereceu”, declara.
Nesta entrevista ao Jornal Opção, Marden Júnior diz que a cidade pode ser muito mais influente no destino do Estado, tanto política como economicamente. Para isso, precisa de união entre os grupos políticos, por um lado, e planejamento, por outro. Nesse caso, o prefeito também considera que Trindade precisa passar por uma formatação de seu potencial turístico, a ponto de fazer com que o turista seja o responsável principal pela receita do município. “Quem financia o turismo em Trindade é o trindadense. Em uma cidade como Gramado (RS), que tem o turismo mais maduro, é o turista quem financia, pagando suas taxas e impostos.”
Italo Wolff – De onde vem a formação política de Trindade? De onde vêm os grupos políticos que a gente enxerga na cidade? Trindade tem potencial para ser mais forte politicamente em Goiás?
O que eu percebo de Trindade hoje é que o município perdeu a condição de protagonista em Goiás, se a gente fizer um histórico disso, tanto na formação política quanto na formação administrativa. Nós tivemos grandes personalidades políticas, pessoas que saíram dali, prefeitos e deputados, mas nós sempre reagimos ao crescimento provocado pelo turismo religioso. Então, as administrações sempre tiveram uma tendência de reação a um crescimento já existente. E esse, para mim, foi o grande ponto, porque aí acaba dividindo muito.
E Trindade hoje têm grupos políticos definidos. Se esses grupos fossem unidos, nós nos posicionaríamos com protagonismo no Estado e digo até no País, porque se há uma abrangência federal, se chega a todo o Brasil. Temos e tivemos pessoas com capacidade. Valdivino Chaves tem um legado, uma história importante em Goiás, e foi prefeito de Trindade. Tivemos talentos potenciais em outras ocasiões, como [os ex-prefeitos] Ricardo Fortunato, George Morais, que foi prefeito de Santa Bárbara e, logo, também de Trindade. Depois veio Jânio Darrot (MDB), então existia uma sequência. Jânio veio com toda a bagagem estrutural, pessoal, profissional e empresarial para o campo político. Nós temos alguns políticos que se projetaram no Estado e que hoje estão na nossa base, como a ex-deputada estadual Dária Alves e a deputada federal Flávia Moraes (PDT), por exemplo. Dária foi muito importante na época de Maguito [Vilela, ex-governador de Goiás entre 1995 e 1998], e por muito tempo, as pessoas desse período foram se dividindo.
Na política existem várias lacunas e acredito que o posicionamento dessas pessoas nessas lacunas se dão pelos grupos políticos. Sempre digo que só vou chegar a ocupar um espaço se um grupo político ombrear conosco a missão de estar ali. Hoje temos o deputado estadual Cristiano Galindo (Solidariedade), que era meu assessor de gabinete e se tornou deputado com nosso apoio, com 90% da votação dele vindo de Trindade. O potencial que existe dentro de Trindade é muito significante e a gente não entendeu ainda essa grandeza. Vou dar um exemplo: acho que Trindade é a única cidade do Estado que recebe em torno de 2,5 milhões de goianos todos os anos – ou seja, mais de 30% da população goiana passa pela cidade pelo menos uma vez no ano. E essa pessoa tem a experiência de dizer se vê ali uma boa gestão ou uma má gestão. Então, mesmo morando em outra cidade, ele experimenta aquela gestão que está acontecendo. Qual outra cidade tem esse potencial? Em que outra cidade a gestão é tão próxima das pessoas? Porque nas capitais a gente costuma ter uma gestão que é macro, é mais difícil um visitante percebê-la. Agora, estamos com quase 150 mil habitantes, uma cidade com essas características tem a facilidade de as pessoas poderem estar nela e repararem se se encontra bem cuidada, bem organizada. Por isso, acredito muito no potencial que Trindade tem de ter pessoas e agentes políticos posicionados, buscando protagonismo na política goiana.
Euler de França Belém – Tanto assim que temos agora em Goiânia um pré-candidato a prefeito, Jânio Darrot, que já foi prefeito em Trindade. E a justificativa para isso é o que foi feito na cidade, que era preciso um candidato com imagem de gestor. Na pesquisa qualitativa que foi feita, falava-se que era necessário alguém nesse perfil.
Cada morador de Trindade e cada servidor da Prefeitura do município têm responsabilidade por essa oportunidade que Jânio está tendo de se colocar à disposição para ser candidato em Goiânia. Porque foram essas pessoas quem deram condição a ele de se projetar por meio de resultados. Ele é uma pessoa com capacidade técnica, administrativa, bagagem empresarial fantástica, experiência política e que se coloca à disposição para gerir uma capital. O que é uma capital? Ela é a soma de todos nós, principalmente da região metropolitana. Quantos trindadenses e aparecidenses não estão em Goiânia? A capital é um local de acolhimento de todas as demandas, dificuldades, soluções e alternativas. Então, nada mais justo do que essa oportunidade ter aparecido para Jânio, é mérito dele. Mas eu ressalto: imagine se todos os grupos políticos que passaram em Trindade já estivessem com ele. Imaginem onde essa construção já poderia estar. Eu, pelo menos, defendo e trabalho muito para que dê certo, porque é importante para a cidade de Trindade, é uma vitrine. Assim como foi em outras histórias dentro da política, de pessoas que se deslocaram, não é um caminho fictício, é real.
Estamos vivendo também um período de carência, de transição da classe política. Iris [Rezende, ex-governador e ex-prefeito de Goiânia] e Maguito não estão mais entre nós, o governador Ronaldo Caiado está em seu segundo mandato. Até hoje, eles foram e são as maiores referências. E agora, o que nós temos? Nessa perspectiva, acredito que Trindade pode mais, pelo potencial que existe dentro da cidade e que consegue projetar que está na condução dela.
Euler de França Belém – Qual o lugar de Trindade no PIB de Goiás?
É um tanto relativo, porque hoje temos uma cidade que é a 9ª em termos de população, mas 15ª em economia.
Euler de França Belém – Não é tão ruim.
Não é, mas volto a dizer: sempre fomos reativos ao crescimento provocado pelo turismo. Não temos uma formalização do turismo no município. Quem financia o turismo em Trindade é o trindadense. Quem financia o turismo em uma cidade, como Gramado, que tem o turismo mais maduro? O turista, pagando suas taxas, seus impostos, é ele quem financia. Em Trindade, nós estamos nessa fase de transição. Fizemos um plano de turismo municipal projetando e programando tudo que deve ser feito nos próximos dez anos, em termos de estrutura, eventos, logística etc. O que a cidade precisa? De uma integração entre a prefeitura, a igreja e o governo estadual. Diferentes frentes organizadas, com técnicos e representantes de todas as entidades, para elaborar um plano de trabalho. Assim, no futuro, independentemente de quem estiver à frente, haverá uma lei, que é o Plano Municipal, que vai funcionar por dez anos, e assim por diante. E nisso inclui a formatação do turismo, para que a gente possa ter uma economia mais pujante e esse protagonismo, que eu vejo logo ali na frente. Acredito que estamos próximos de alcançar esse boom de desenvolvimento. Ainda temos de ser muito criativos nas condições administrativas para fazer acontecer. Só para citar um exemplo, Trindade é quase do mesmo tamanho que Senador Canedo, e nossa economia é 40% menor, em comparação.
Euler de França Belém – Mas em Senador Canedo tem a distribuidora da Petrobrás?
Sim, mas nós temos praticamente a mesma quantidade de alunos, territorialmente também é quase a mesma proporção e no fim das contas, nós temos algo entre 40% ou 45% do fundo que possibilita o crescimento da cidade. Então, é um município que exige muito de cada administrador, no sentido de criatividade mesmo, para achar alternativas e parcerias. Jânio começou – e a gente deu sequência – nas parcerias público-privadas (PPPs). Isso possibilitou, por exemplo, a unidade do Corpo de Bombeiros Avançada. É uma das primeiras do Brasil, não custou um centavo da Prefeitura e nem do governo do Estado. Eu entreguei para o governador sem custar nada para nós, por meio de uma PPP. Falei com empresário, com loteador, e eles entregaram um parque que tem essa estrutura, que custou mais de R$ 3 milhões. Por isso, acredito que a solução do serviço público está nas PPPs. A gente ainda não consegue ser autossustentável, se não convergirmos em nossas dificuldades, como solucionar os problemas?
Euler de França Belém – Jânio Darrot tem muitas questões favoráveis a ele, primeiro o apoio do União Brasil e do MDB, respectivamente partidos do governador Caiado e do vice-governador, Daniel Vilela. Há também o apoio de Aparecida de Goiânia, no nome de Gustavo Mendanha; e de Trindade, com sua administração. O sr. não acha que é um exército eleitoral extraordinário para um candidato em Goiânia?
Sem dúvida. Esse é um ponto importantíssimo, com muita sabedoria e amadurecimento conseguimos unir forças. Porém, eu ainda tenho uma crítica para fazer: a região metropolitana perdeu um pouco de sua forma de grupo. As discussões metropolitanas deixaram de existir na mesma amplitude. Elas foram retomadas agora pelo governador, como na questão do transporte coletivo, que não é uma discussão só da cidade de Goiânia nem só de Trindade. São discussões metropolitanas, em que a capital tem a responsabilidade de ser o centro. A gente perdeu um pouco essa questão da discussão metropolitana e, se você olhar o Entorno do Distrito Federal, eles ganham espaços políticos e administrativos, enquanto a região metropolitana de Goiânia perde essa condição. Eu acredito muito que, unindo forças com a região metropolitana, buscando os apoios, como os mencionados, não tenho dúvida de que conseguimos gerar um volume importante para o projeto de Jânio. Ainda assim, acima de tudo, o que vai pautar muito essas eleições é o apoio do governador. E não só pela aprovação e pelo respeito que as pessoas lhe têm, mas pelo reconhecimento de que existe trabalho e pautas muito bem estabelecidas.
Euler de França Belém – Sobre as pautas de Caiado, tanto na eleição passada quanto nesta ele está repercutindo muito a questão da segurança. Como prefeito de Trindade, que faz parte da Grande Goiânia, o sr. sente a segurança realmente como um tema positivo, no momento?
É um tema que assola a todos, o Brasil como um todo vive um momento de insegurança. E o Estado de Goiás gera essa sensação de segurança de forma bem consolidada. Hoje nós estamos vendo vários Estados que sucumbiram para esse arsenal que existe de organizações criminosas. Isso é fato, eu falo também porque Trindade teve seus maus momentos, principalmente por causa da localização – é uma questão de logística, temos várias GOs que cruzam a cidade, como a GO-060, a GO-469 e a GO-050. A região, na verdade, é um grande trevo. Então, essa é uma pauta nacional, existe um problema na segurança pública nacionalmente e isso se compõe com os problemas sociais. Por isso, acredito que o enfrentamento da segurança pública colabora muito com o governador, assim como o trabalho de assistência social que existe com as pessoas mais vulneráveis. Hoje isso ainda está um tanto desconhecido, mas talvez seja uma pauta nacional o fato de que temos um dos melhores programas de moradia, o Aluguel Social. Nele, são dadas as condições para que as pessoas paguem seu aluguel. Isso fomenta a economia, a partir da pessoa que tem um lugar para alugar, e resolve rápido o problema de moradia. Isso é que vai tirar a pessoa da rua.
Euler de França Belém – E o programa social de Caiado tem duas pontas principais: alguns projetos são mais voltados para a assistência social e outros para a inclusão. O sr., como prefeito, sabe a importância da assistência social, e a inclusão do Caiado é mais nesse grande incentivo à educação de pessoas com menos condições, para seus filhos permanecer nas escolas, com incentivos. Por isso, Goiás está com um dos mais baixos índices de evasão escolar do País.
E estamos vendo o governo federal copiar esse programa. O que é bom tem de ser copiado mesmo. Acho muito bom que estamos virando referência em políticas públicas, somos um povo caridoso e privilegiado, também. A gente não tem praia aqui, mas estamos no centro, no coração. Temos uma centralidade, não é à toa que o Centro-Oeste é tido como o coração do Brasil. Eu vejo que a segurança pública e a assistência social – seja com o trabalho na ponta de matar a fome de alguém ou na prevenção para que não cheguem nessa condição – têm tido bons resultados no governo estadual. Isso tudo se soma ao trabalho da polícia e do cuidado com as pessoas, dois temas que parecem contrários entre si, mas que, a meu ver, se complementam. Às vezes a gente pensa muito no combate e no embate, nas prisões principalmente, mas é preciso observar também o trabalho social que está sendo feito. Eu mesmo tenho experiência disso lá em Trindade. Hoje o trabalho do governo de Goiás é realizado em parceria com as prefeituras. Isso está sendo um grande diferencial.
Euler de França Belém – O sr. é um candidato forte à reeleição, com muito apoio político e elegeu um deputado estadual [Cristiano Galindo], o que mostra sua força. Na política são necessários sinais, que são os resultados. As pessoas podem não comentar muito, mas vejo que ele é um deputado atuante. E o sr. tem um principal adversário hoje em Trindade, que é George Morais. Falam em uma outra possibilidade, que seria o ex-vereador Roni Ferreira (PDT), e que eles poderiam compor juntos para uma oposição. Acha que a disputa vai ser entre George Morais e o sr.?
Eu sempre tive uma conduta muito clara em relação à parte política da cidade. Até hoje meus braços sempre estiveram abertos para todos aqueles que quiseram abraçar Trindade. Independentemente de partidos políticos, sempre busquei a convergência com todos. Esse é o meu jeito, eu acredito nessa política de convergência, ao ponto de que termos uma cidade que recebe ajuda de vários deputados federais e estaduais. Porque a gente respeita o espaço das pessoas, tudo isso é recíproco e conquistado. Essa abrangência nos permite buscar tudo isso. Tanto é que efetivamos agora a vinda de Dr. Antônio [ex-deputado estadual], que foi candidato na eleição passada a prefeito, sendo o segundo mais votado, com mais de 16 mil votos na cidade. Ele teve uma votação muito expressiva e está conosco agora. Nós temos os candidatos a vice dele e de George Morais na eleição passada, que também estão na base. Porque, como eu falei, nós viemos buscando as pessoas que queriam e entendiam nossa missão. Então, fizemos algumas composições, temos uma Câmara de vereadores que, em maioria, nos apoia administrativamente e politicamente de forma bem significativa, inclusive. Isso se dá pelo nosso relacionamento com as pessoas e pelos resultados que vamos conseguindo entregar para a população. Eu acredito muito na possibilidade de união, mantenho conversas e portas abertas para que a gente possa fazer sempre a melhor composição possível. Até então, nenhum deles se posicionou como candidato em Trindade. E vamos continuar trabalhando para ter convergência entre aqueles que querem o bem da cidade.
Italo Wolff – O sr. mencionou alguns parlamentares que encaminharam emendas para a cidade e ajudaram. Disse também que Trindade não consegue fazer grandes investimentos com a arrecadação que tem. A pergunta é: como é a relação com os representantes, quem são os principais deputados que levaram verbas para Trindade?
Nós recebemos emendas de quase todos os deputados. Temos, por exemplo, um centro de diagnóstico sendo feito lá que vai ser quase uma unidade regional, com capacidade para atender outras cidades também; é uma parceria nossa com o deputado federal Zacharias Calil (UB), um investimento de praticamente R$ 6 milhões. Também na Câmara dos Deputados temos Professor Alcides (PL), um deputado que nos ajudou muito neste mandato e no passado; Adriana Accorsi (PT) e Silvye Alves (UB) têm ajudado bastante, principalmente com projetos voltados para a saúde e para as mulheres. Marussa Boldrin (MDB) fez um encaminhamento de mais de R$ 6 milhões para a cidade, mesmo que não tenha sido diretamente para a Prefeitura. Ela não me enviou emendas como os demais deputados, para a prefeitura executar, mas pediu que eu fizesse o projeto e encaminhasse para a Goinfra, porque ela iria encaminhar a verba para a agência executar as obras no município. Se não me engano, foram três praças. É o que eu falei: o que preciso é de obras, independente da maneira que chega. Há uns 20 dias, a gente entregou os projetos, tudo certo na Goinfra, para que a gente possa ter essas obras. Isso é um gesto para demonstrar que o que importa é a obra, porque o povo de Trindade precisa e eu estou lá para resolver problemas.
Euler de França Belém – E o deputado estadual George Morais (PDT), que também é de Trindade, o que já fez pela sua gestão?
Só tem um ano de mandato, mas até esse momento ele ainda não conseguiu contribuir com a Prefeitura nesse sentido, a gente espera que ele possa contribuir ainda. Entre os deputados estaduais atuais e anteriores, tivemos Dr. Antônio, que em sua última emenda encaminhou R$ 500 mil para o mamógrafo do Centro de Saúde Avançada; Cristiano Galindo, que conseguiu R$ 4 milhões para a gente fazer o recapeamento dos setores Pontakayana e Marista. O deputado Amauri Ribeiro (UB) também encaminhou algumas emendas via prefeitura, assim como o Wilde Cambão (PSD), Lucas Vergílio [ex-deputado do Solidariedade], Bruno Peixoto (UB), o ex-vice-governador Lincoln Tejota. Espero que não tenha esquecido ninguém (risos).
Italo Wolff – E a relação com os vereadores?
Graças a Deus, eu tive a experiência de ser vereador, então entendo bem as dificuldades que eles têm. A gente consegue ter uma convivência muito boa. Hoje tenho três vereadores em cargos do Executivo, como secretários. Entre os 19 da Câmara, temos cerca de 90% dos vereadores na base. Sempre falo que gestão pública não precisa de espectador, precisa de corresponsáveis. A Prefeitura não precisa ser protagonista de tudo, mas tem de ser mediadora de tudo. Tem de ser um meio para que se possa visualizar, planejar, articular, promover e, na visão que eu tenho de gestão pública, tem de ser sempre um espaço compartilhado na essência, o controle tem de ser centralizado, logicamente, mas o serviço tem que estar nas pontas, na base. E a gente faz isso com todos os entes envolvidos.
Euler de França Belém – No momento, o governo do Estado está construindo um viaduto na entrada da cidade. Essa parceria vem sendo positiva?
É uma parceria que tem sido fundamental para o nosso desenvolvimento, importantíssima para todos nós. A obra do viaduto era aguardada já há 30 anos. Todos disseram que a fariam, mas foi algo que ficou se arrastando. Quando eu tive a oportunidade de me aproximar do governador, ele me perguntou: o que é o seu objetivo, o que você quer? Eu falei que queria obra, viaduto, maternidade – porque há muito tempo não nascem trindadenses, por não termos uma unidade assim. Portanto, essas duas obras que eu enfatizo são importantíssimas. O viaduto está 25% executado, na parte mais difícil, que é a estrutural. Então, em breve, ainda este ano, não tenho dúvidas de que ele vai estar concluído. É algo essencial para o desenvolvimento da cidade na questão de mobilidade, do acesso à Trindade. A maternidade também é uma obra grande, o investimento passa de R$ 50 milhões, do governo do Estado em parceria com a Prefeitura, para a qual cedemos o terreno. Era um projeto que já estava aprovado, com tudo pronto, então fomos até o Ministério da Saúde. Nós tínhamos resgatado uma emenda que ainda era da época da [ex-senadora] Lúcia Vânia, isso lá no início do mandato, era uma verba destinada para uma maternidade. E aí o ministério soltou uma resolução de que não caberia uma nova maternidade em Trindade, mas caberia uma nova, regionalizada. Foi quando eu sentei com o governador e ele me deu essa oportunidade. É um projeto nosso de governo, honramos o compromisso com a população. Nossa expectativa é de que a maternidade esteja concluída até o fim do ano, já entramos na fase de acabamento, de rede elétrica e tudo mais. Então essas são as duas obras que eu uso como referência da nossa parceria com o governo do Estado: a maternidade e o viaduto. Isso sem mencionar os programas sociais de moradia, porque esses abrangem o Estado inteiro e em Trindade não é diferente. Tenho recebido muito apoio nesse sentido e só tenho a agradecer.
“Trindade hoje perdeu a condição de protagonista na política de Goiás”
Marden Júnior
Bárbara Noleto – São quantas casas entregues em Trindade?
Nosso projeto de moradia é de cem casas, mas a gente acaba culminando na junção dos projetos do Estado com os do município. Por exemplo, a gente tem lá os projetos do Cartão-Reforma e do Cartão-Construção, para as pessoas que têm lote mas não conseguem construir por qualquer motivo. Disponibilizamos o Cartão-Construção, que tem o saldo de R$ 15 mil para as pessoas comprarem material de construção na cidade e iniciarem seus projetos. E no Cartão-Reforma são R$ 7,5 mil para esses materiais. Isso se soma ao projeto de entrega de escrituras que a gente também tem, vão ser mais de 1,5 mil escrituras este ano. O sistema de moradia ainda conta com cem casas em parceria com o governo do Estado. Com o governo federal, junto ao governo estadual, temos também 480 apartamentos. Os projetos estão sendo aprovados pela Caixa Econômica Federal, fomos contemplados também. Ou seja, juntando, são cerca de 580 moradias pela cidade.
Euler de França Belém – Falava-se de um problema em Trindade quanto às filas de cirurgias eletivas. Dizem que o sr. conseguiu resolver esse problema. Como foi isso, exatamente?
Foi uma missão extensa. O senador Vanderlan Cardoso (PSD) nos ajudou muito nesse sentido, com um aporte financeiro grande para que a gente pudesse zerar as filas. Essa verba atendeu desde exames – como ultrassonografias, ressonâncias e tomografias – até as filas de oftalmologia, que estamos zerando. Em seguida, vamos focar nas histerectomias. As cirurgias eletivas receberam mais RS 750 mil de verba, como procedimentos de catarata e outros. Estamos finalizando isso para que a gente possa ter saúde atendida em tempo real. Percebemos casos em que a pessoa, ao conseguir chegar para se submeter a uma cirurgia, seus exames já estavam vencidos, e aí tinha de começar tudo de novo – triagem, exames, médico, pedido, cirurgia. E a gente dependeu muito de Goiânia para fazer isso. Entendíamos que era preciso dar um passo de independência nesse sentido. Fomos buscar uma solução, encontramos parceiros para nos ajudar e hoje temos um caminhar muito mais suave, ainda mais depois da pandemia. Agora já estamos no fim das filas.
Euler de França Belém – Seus adversários falam que o sr. descuidou um pouco da malha viária urbana e que ela estaria precisando de uma restauração total. Isso procede?
Uma das grandes referências que tenho de política pública é Iris Rezende, mesmo sem ter tido a oportunidade de falar com ele, mas pelos gestos e pela história dele. Iris é uma grande referência para todos nós e ele falava: “Os transtornos passam e os benefícios ficam”. Quando entrei, nós tínhamos um grande problema, que era o esgoto da cidade. As pessoas sempre me falavam que prefeito que “enterra cano” não se dava bem, mas resolvi enfrentar isso. Nós fizemos, em parceria com a Saneago e com a BRK [empresa de saneamento], já estamos finalizando, Trindade 100% na rede de esgoto e na água tratada. Somos uma das poucas cidades que estão universalizado tanto o esgoto como a água tratada. Mas o que teve de acontecer para chegar nisso? Nós tivemos mais de 400 quilômetros de corte no asfalto de Trindade nos últimos anos. Ou seja, 65% das ruas foram cortadas ou danificadas por essa obra, que é importantíssima e cuja consequência não tinha como evitar.
Mas nós já somos a gestão que mais recapeou asfalto na história da cidade, então estamos fazendo essa recomposição em vários lugares. Onde os problemas eram crônicos, nós precisamos arrancar restos do que tinha, mudamos a base e refizemos, porque só o recapeamento não adiantaria. Boa parte já foi resolvida, mas temos setores que foram inteiros comprometidos. E até junho desse ano nós vamos resolver todas as regiões, tanto é que mesmo nesse momento de chuva, a nossa questão com o asfalto já tem uma intensidade 70% menor do que foi ano passado.
Bárbara Noleto – E o lixo? O que Trindade está fazendo com seu lixo?
Sobre essa questão, tenho um agradecimento para fazer a Jânio Darrot. Quando ele esteve na Prefeitura, nós fomos até o então ministro [das Cidades] Alexandre Baldy. Como eu disse, nós buscamos todo mundo. Naquela época eu era secretário e às vezes o destino nos pega de surpresa: Jânio e eu estávamos em Brasília para buscar recursos para organizar nosso aterro, porque a gente queria ultrapassar a fase de lixão. Essa verba só saiu quando me tornei prefeito, e eu consegui fazer um aterro modelo licenciado. Hoje, nós não temos problemas com a destinação e o tratamento do lixo. Nossa coleta é um dos serviços mais bem avaliados pela população na cidade, é terceirizada, exigimos muito, mas também temos uma resposta importante para esse grande problema não só no Estado de Goiás, mas em todo o Brasil. Agora nós temos um aterro sanitário com 30 anos de vida útil pela frente ainda. É uma obra que as pessoas quase não estão vendo, ela é mais distante, mas é um investimento. No recurso inicial foram mais de R$ 5 milhões no aterro, mais o valor mensal de quase R$ 1 milhão para manter e tratar nosso lixo. É necessário ter a condição adequada para ele ali, então se a gente for avaliar, é um investimento em torno de R$ 1,5 milhão por mês só com isso. Talvez algumas pessoas não consigam perceber, mas é uma obra importante. Isso também é saúde pública: esgoto, água tratada e lixo recolhido.
Euler de França Belém – Em algum momento houve algum estremecimento entre você e o Jânio Darrot?
Nunca tivemos problema. Em muitos momentos o que acontece são fofocas políticas, às vezes a gente liga um para o outro e fica rindo desses casos, da capacidade que as pessoas têm de criar situações. É claro que o modo de fazer gestão de um e de outro é diferente, mas, antes de tudo, eu sou grato. Tenho muita gratidão pelas oportunidades que tive, fui eleito para vereador com uma votação muito expressiva na época e o Jânio foi a pessoa que me trouxe da Câmara. Isso foi dez meses depois que eu tomei posse. Ele me convidou para ser secretário de Habitação – naquela ocasião quem estava na secretaria era [Sebastião] Juruna. Quando ele me fez o convite, eu acredito que ele já enxergava por trás dos muros, um daqueles momentos em que a gente não sabe da própria capacidade que tem. Eu falei para ele que não sabia nada de habitação, ele me disse que conhecia minha família, sabia que eu era uma pessoa honesta e precisava de alguém com meu perfil. Então, eu fui. Inclusive, como minha secretária, levei uma engenheira para poder me instruir em todas as questões técnicas.
E foi ali que me encontrei, na gestão pública, no Executivo. Também foi onde eu tive a chance de desempenhar um papel importante: nós fizemos o maior programa de regularização fundiária do Estado de Goiás. O Jânio foi quem me deu total condição de realizar esse projeto, enquanto secretário. Nós iniciamos o projeto de regularização de toda a cidade. Então, o que estamos colhendo agora, de entregas, foram projetos que começamos lá atrás e eu estou dando sequência, finalizando a entrega das escrituras. Eu tinha 27 anos, um jovem. Se não fosse uma pessoa tão visionária, talvez eu não teria tido essa oportunidade. Porque talvez tivessem outras pessoas com mais gabarito do que eu e é por isso que eu tenho uma grande gratidão por essa porta aberta que Jânio me ofereceu. Eu tive a condição de ir construindo a possibilidade de ser candidato a prefeito ali dentro, com todos. Então eu sou muito grato às oportunidades e ao apoio que ele me deu.