Entre 2010 e 2019, 524 pessoas morreram em acidentes aéreos no Brasil, resultando em uma média de 53 vítimas fatais por ano.
O acidente aéreo que vitimou a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas em um avião de pequeno porte na sexta-feira, 5, expõe a fragilidade desse tipo de locomoção no país.
Aviões particulares, em especial os de pequeno porte, são os que mais registram acidentes de aviação no Brasil. Entre 2010 e 2019 foram registrados 1.210 acidentes, os dados são do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Nesse período ocorreram, em média, 121 acidentes aéreos por ano, porém em grande parte deles não houve consequências.
Segundo o Cenipa, 46% dos acidentes foram com aviões particulares, 20% eram aeronaves agrícolas e 14,72% de instrução. Em contrapartida, a aviação comercial, com aeronaves de grande porte, representou apenas 1% dos acidentes.
O Cenipa aponta que falha do motor em voo, perda de controle em voo e perda do controle em solo são responsáveis por 44,3% do total dos acidentes envolvendo aviões particulares.
Demais causas são obstáculos durante pouso ou decolagem, representando 6,25% e pane seca, com 5%.
Entre 2010 e 2019, 524 pessoas morreram em acidentes aéreos no Brasil, resultando em uma média de 53 vítimas fatais por ano.
O engenheiro aeronáutico Shailon Ian, presidente da Vinci Aeronáutica, afirma que há três causas que fazem com que os acidentes com aviões pequenas sejam mais comuns: a certificação, a operação e a manutenção das aeronaves.
Shailon diz que é mais complexo realizar o registro de aviões com centenas de passageiros do que com um particular, pois quanto mais pessoas, maiores são os níveis de exigências e fiscalizações da Anac.
“Existem níveis diferentes de requisitos em função da capacidade do avião. Quanto mais leve e menos gente a aeronave carregar, mais brandos são os requisitos. Se o uso for particular, há uma exigência, mas se o dono for fazer táxi aéreo, haverá mais requisitos porque ele vai vender serviços e transportar leigos em aviação, por exemplo”, diz o engenheiro.
A operação é outro fator citado por Shailon, este exige vários níveis de preparo e experiência do piloto, de acordo com o tamanho do avião.
“Um piloto que trabalha com uma aeronave para fins agrícolas, por exemplo, não precisa de tanto treinamento e horas de voo quanto um piloto de táxi aéreo, que leva outras pessoas, ou de um Boeing com centenas de pessoas”, afirma.
Além disso, ele explica que pelo fato de cada aeronave estar preparada para um tipo de voo, as exigências são diferentes. Para isso, o piloto deve ser dotado de diferentes experiências para ter autorização de pilotar.
estão preparados para aquele tipo de situação. Por exemplo, se um piloto está fazendo um voo visual e o tempo fecha. Se ele e avião não estão preparados para aquela situação, a chance de acontecer um acidente é maior. Na aviação comercial, isso não acontece porque é exigido um nível mais alto de experiência do piloto e instrumentos e tecnologia da aeronave”, finaliza.
Fonte: Diário da Manhã