O presidente decidiu pela demissão do ministro após acusações
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, nesta sexta-feira (6), após acusações de assédio sexual. A decisão aconteceu após o Planalto divulgar uma nota oficial sobre o caso.
A princípio, o governo convocou Almeida para uma reunião. Sendo assim, após ouvir o ministro, Lula considerou insustentável a permanência dele no cargo. A nota oficial afirma que a gravidade das acusações tornou impossível a continuidade de Almeida. Além disso, o governo reafirma seu compromisso com os direitos das mulheres e declara que não tolerará qualquer forma de violência.
Mais cedo, durante uma entrevista à Rádio Difusora Goiana, Lula já havia indicado a saída do ministro. O presidente destacou que seu governo prioriza a participação das mulheres na política nacional. Portanto, Lula afirmou que não poderia permitir a permanência de um ministro acusado de assédio sexual. Ele também garantiu que uma investigação rigorosa será realizada. Lula enfatizou que o governo não pode manter alguém acusado de assédio, pois isso comprometeria seu discurso e compromissos.
As denúncias contra Silvio Almeida incluem relatos de supostos episódios de assédio sexual. Entre as vítimas estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A organização Me Too Brasil confirmou que recebeu relatos sobre o caso.
O ministro negou todas as acusações e qualificou as denúncias como falsas. Ele afirmou que acionará a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério da Justiça para investigar o que considera uma “denunciação caluniosa”. Por fim, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República iniciou um procedimento preliminar para apurar as denúncias contra Almeida.
Governo Lula 3 enfrenta sua quinta baixa ministerial:
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu mais uma baixa com a demissão de Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos, após denúncias de assédio sexual. Almeida é o quinto ministro a sair desde o início deste terceiro mandato de Lula. Anteriormente, Gonçalves Dias, Ana Moser e Daniela Carneiro foram exonerados em 2023, enquanto Flávio Dino deixou seu cargo no início de 2024 para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
O governo ainda não definiu quem assumirá a pasta dos Direitos Humanos, mas, temporariamente, a secretária-executiva Rita Cristina de Oliveira ficará à frente do ministério.
Saídas anteriores no governo Lula:
Lula exonerou Gonçalves Dias do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e o substituiu por Marcos Amaro, após as polêmicas das invasões ao Planalto em 8 de janeiro. Já em julho de 2023, o presidente retirou Daniela Carneiro do Ministério do Turismo. A troca foi uma demanda do União Brasil, que pressionava o governo pela nomeação de Celso Sabino, que acabou assumindo a pasta. Apesar de ter sido uma escolha pessoal de Lula, Daniela perdeu o apoio da bancada de seu partido.
Em setembro de 2023, Lula exonerou Ana Moser, que liderava o Ministério do Esporte, em uma manobra para fortalecer sua base no Congresso. Moser foi substituída por André Fufuca, deputado do PP-MA, com forte ligação ao Centrão. Na ocasião, Ana Moser lamentou a condução da política no Brasil ao deixar o governo.
Flávio Dino e a vaga no STF:
Lula indicou Flávio Dino, então ministro da Justiça, para ocupar a vaga de Rosa Weber no STF em novembro de 2023. Dino permaneceu no ministério até o fim de janeiro de 2024, quando Lula o substituiu por Ricardo Lewandowski, ex-ministro do Supremo. A saída de Dino consolidou sua transição para o STF, após aprovação pelo Senado.
Essas mudanças refletem as estratégias de Lula para manter sua base de apoio e navegar pelos desafios políticos no Congresso.
Ricardo Lima / Fonte: Redação “O Hoje”.