Ex-prefeito de Trindade quer ser candidato a prefeito de Goiânia
Pré-candidato a prefeito de Goiânia, Jânio Darrot deve trocar o MDB pelo União Brasil.
O movimento já teria sido combinado com o governador Ronaldo Caiado e o vice-governador Daniel Vilela.
Darrot trabalha para ser o nome da base caiadista na disputa em Goiânia.
Vereadores do MDB querem Darrot candidato pela sigla e não pelo UB.
O ex-prefeito de Trindade e pré-candidato à prefeitura de Goiânia, Jânio Darrot (MDB), recebeu em seu escritório, na capital, os vereadores membros da bancada da sigla na Câmara Municipal de Goiânia. O convite para um café com as lideranças partiu do próprio político que teve, segundo um dos nomes consultados pela reportagem, uma conversa proveitosa com os parlamentares.
O momento foi oportuno para colocar “as ideias em pauta”. O emedebista teria aproveitado para “se apresentar”. “Ele contou sua história, sua trajetória, falou de suas intenções e reafirmou que vai continuar trabalhando para viabilizar seu nome [como candidato da base governista]”, disse um dos participantes da reunião que contou, também, com a presença do jovem Felipe Cecílio, neto do ex-senador por Goiás, Mauro Miranda.
Em meio a prosa, um dos presentes fez “um único pedido” em nome do grupo: que Jânio, caso leve adiante seu plano de concorrer à prefeitura de Goiânia, seja candidato pelo MDB. O pedido vem na esteira de rumores de que Jânio poderia deixar a sigla para se filiar ao partido do governador Ronaldo Caiado. Jânio chegou a declarar à imprensa, em meados de fevereiro, que não teria problemas em migrar caso esse fosse o desejo do governador.
Jânio não teria se comprometido, na ocasião, a permanecer, mas escutou atentamente o pedido do grupo. Ainda de acordo com o vereador consultado pela reportagem, o apoio ao nome de Darrot será integral, mas isso dependerá, claro, do governo. “Condicionamos nosso apoio ao desejo do governador. Claro, se o governador abraçar o projeto, estaremos juntos, mas é algo que será decidido não por nós, mas pelo governo”.
Questionado sobre a viabilidade do nome de Darrot ante ao desafio de alcançar musculatura em Goiânia, cidade em que o gestor não tem grande capital político, confessou que o fator tempo é, sim, preocupante. “Desde o ano passado temos essa preocupação. Ainda quando se falava no nome da Ana Paula, e olha que a Ana Paula tem toda uma vantagem em relação ao nome do Jânio, tem um legado em função do Iris. Ou seja, preparar a candidatura do Jânio em tão pouco tempo será ainda mais desafiador”.
E continuou: “Ele poderá, sim, ter nosso apoio, mas se a percepção for de que não adianta o esforço pela falta de tempo, certamente não haverá um mergulho com a mesma intensidade”.
Em um cenário onde Ana Paula e Gustavo Mendanha [ex-prefeito de Aparecida] estão fora de jogo, o MDB amarga o desafio ainda maior para chegar ao poder como cabeça de chapa. Para muitos, diante desse contexto, o melhor seria indicar alguém à vice em grupo encabeçado pelo UB. Vale lembrar, inclusive, que a dobradinha entre os partidos não seria uma novidade, uma vez que Caiado e Danel — leia-se UB e MDB — foram eleitos em 2022 para o Governo de Goiás.
Apesar da firmeza com que o MDB tem mantido a aposta, nos bastidores a leitura é de que a candidatura de Jânio, caso aconteça nos moldes em que se projeta nesse momento, tende a ser carregada de desafios. O fator desconhecimento é um deles. O ex-prefeito de Trindade, por melhor que tenha sido sua gestão no município, é figura estranha aos olhos dos goianienses.
Para além dessa situação, Jânio amarga quatro anos longe do poder. Enquanto prefeito de Trindade, o político foi amplamente notado diante das inúmeras ações que encabeçou no município. Depois que deixou a cadeira, foi se tornando, com o passar do tempo, cada vez mais distante do protagonismo político. Hoje, apesar de reconhecido pelos feitos, conta com um distanciamento do eleitor de sua própria cidade, quem dirá, então, em Goiânia.
Também pesa sobre os ombros de Jânio a recente operação da Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) deflagrada em Trindade. Em fevereiro, o desdobramento de uma operação que investiga contratos firmados em 2013 trouxe ainda mais dificuldade à desafiadora situação do governador em ungir um nome. Dias depois do cumprimento de mandados na prefeitura da cidade e na casa do ex-prefeito, Jânio sofreu um bloqueio de bens e quebra de sigilo.
Ainda que o político figure na condição de investigado e não de condenado, é inegável que qualquer ação dessa natureza leve a um desgaste político significativo, o que representa mais um dos diversos obstáculos a serem superados na corrida por Goiânia.
Ricardo Lima / Fonte: Redação: “Mais Goiás” e “0 Hoje”