Os preços de carros dispararam no Brasil desde o início da pandemia. Os constantes reajustes dos modelos 0 km acabaram por inflar também os preços de carros seminovos e usados, que estão mais caros na Tabela da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe). Com isso, o valor do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) subirá em 2022, uma vez que os cálculos são feitos com base nos preços de veículos no varejo.
O cenário que se desenha é de alta na tarifa, fazendo com que carros populares como o Volkswagen Gol chegue a R$ 86 mil em sua versão automática mais completa. Com a persistente falta de semicondutores, alguns montadores estão sem produzir carros no mês de agosto. Na General Motors, por exemplo, a escassez do componente culminou a falta de unidades em estoque dos modelos Onix e Onix Plus, carros que até em março de 2021 eram líderes no mercado. Além disso, há a disparada do dólar norte-americano, resultando no aumento do IPVA.
A alta, em números, ainda não foi divulgada pela Secretaria da Fazenda (Sefaz), os estudos são divulgados apenas em novembro. As alíquotas são fixas, mas o aumento do valor de mercado a base de cálculo subirá.
Os donos de carros movidos a gasolina ou flexíveis, por exemplo, pagam 4% do valor de mercado em São Paulo. No caso de usuários de carros movidos a álcool, elétrico ou a gás comprados antes de 15 de janeiro de 2021, pagam 3%, sendo que, a partir dessa data, a taxa também corresponde a 4%. Em decorrência disso, não é possível prever quanto o governo vai arrecadar com o IPVA ano que vem.
A Sefaz informou ao Jornal do Carro que ainda não possui os valores venais dos veículos que servirão de base de cálculo para o lançamento do IPVA 2022, ou seja, o calendário e as estimativas de arrecadação do imposto estão em elaboração. “A tabela (de valores venais) deverá ser finalizada em novembro e publicada em dezembro de 2021”, diz a nota oficial.
“O consumidor vai pagar mais porque, hoje, o carro dele vale mais que no passado”. “A gente está acostumado com a desvalorização de, ao menos, 15% do valor do carro assim que cruzamos a porta da concessionária. Contudo, recentemente, o patrimônio valorizou”, pontua o consultor automotivo, Paulo Garbossa.
O consultor ainda conta que o mercado está seguindo a lei da oferta e da procura mais que nunca. “Se antes os estoques das fabricantes eram para 45 dias, hoje, esse número caiu para 10 (dias)”, exemplifica.
Ricardo Lima / Fonte: Maria Paula Borges “Jornal O Hoje”