A Polícia Federal vai investigar as declarações do deputado Luis Miranda (DEM-DF), que afirmou ter levado a denúncia sobre um esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Ontem, quarta-feira (23/6), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, se pronunciou sobre o caso e explicou a denúncia de superfaturamento.
Deputado diz que avisou Bolsonaro sobre suspeitas envolvendo vacina indiana.
Segundo o ministro, não houve favorecimento, sobrepreço e sequer as vacinas foram compradas.
“Sobre as acusações, as sacadas de hoje contra o presidente da República, quero dizer três coisas importantes. Não houve favorecimento a ninguém e esta é a prática deste governo – não favorecer ninguém. Segundo: não houve sobrepreço, tem gente que não sabe fazer conta. Terceiro: não houve compra alguma, não há um centavo de dinheiro público que tenha sido despendido pelo caixa do tesouro nacional ou pelo Ministério da Saúde”, afirmou Onyx.
Ele também anunciou que o presidente Jair Bolsonaro determinou ao ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que ordene a abertura de uma investigação sobre as declarações do deputado na Polícia Federal.
Além de Luís Miranda, seu irmão Luís Ricardo Fernandes Miranda, chefe da Divisão de Importação do Ministério da Saúde, também vai ser investigado pela PF.
“Deputado Luis Miranda, Deus tá vendo. Mas você não vai se entender com Deus só não. Vai se entender com a gente também”, pontuou o ministro.
De acordo com Lorenzoni, o deputado e o irmão agiram com “má fé” e que houve “denúncia caluniosa”. “A interesse de quem?”, perguntou Lorenzoni.
Entenda:
Em fevereiro (25/2), o Ministério da Saúde informou que assinou um contrato para a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin junto à Precisa Medicamentos/ Bharat Biotech.
A pasta informou que o investimento total foi de R$ 1,614 bilhão na compra da vacina produzida na Índia.
Segundo documentos, o governo comprou a Covaxin por um preço 1.000% maior do que era anunciado pela própria fabricante, seis meses antes.
Telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova Délhi de agosto do ano passado, divulgado pelo Estadão, informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o preço estimado em 100 rúpias (US$ 1,34 a dose).
Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde pagou US$ 15 por unidade (R$ 80,70, na cotação da época), a mais cara das seis vacinas compradas até agora.
O deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou ter levado a denúncia sobre um esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin ao próprio presidente Jair Bolsonaro.
A reunião ocorreu cerca de um mês após o contrato ter sido assinado.
Apesar do aviso, o governo seguiu com o negócio em que prevê pagar pelo imunizante um preço 1.000% maior do que o anunciado pela própria fabricante seis meses antes.
“No dia 20 de março, eu denunciei o esquema para Bolsonaro”, disse o deputado ao Estadão/Broadcast Político nesta quarta-feira (23/6).
Segundo o parlamentar, as suspeitas já haviam sido levadas para o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que nada fez.
Na ocasião, seu irmão, que era chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o servidor Luís Ricardo Fernandes Miranda, chegou a ser demitido após denunciar o esquema de corrupção no processo de compra da vacina indiana Covaxin.
Miranda e seu irmão serão ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, no Senado, nesta sexta-feira (25/6).
Ricardo Lima / Fonte: ESTADO DE MINAS