Beatriz Haddad Maia vai escrevendo a sua própria história em Roland Garros. A brasileira mais uma vez teve um jogo longo e muito dificil
Beatriz Haddad Maia vai escrevendo a sua própria história em Roland Garros. A brasileira mais uma vez teve um jogo longo e complicado nesta quarta-feira (7) e mais uma vez saiu de quadra com a vitória.
Repetindo as duas rodada anteriores, BIa Haddad saiu perdendo nas quartas de final contra a tunisiana Ons Jabeur, atual número 7 do mundo, mas lutou bravamente até o final e buscou outra virada e venceu por 2 sets a 1, marcando parciais de 3/6, 7/6 (7-5) e 6/1, depois de 2h31 de partida.
“Jogar contra uma tenista tão competitiva quanto a Ons é difícil. Eu tentei ser agressiva o tempo inteiro e estou feliz que eu consegui melhorar o meu tênis e continuar tentando, empurrando. Também estou muito feliz com a minha mentalidade de hoje, porque eu tive que ser muito paciente e esperar pela oportunidade. Consegui melhorar o meu tênis, sacar melhor e melhorar durante o jogo. Estou orgulhosa disso, da minha disciplina”, declarou a brasileira.
Bia Haddad, que nunca havia passado da segunda rodada em um Grand Slam, avança a uma histórica semifinal em Roland Garros. Isso porque é a primeira vez que uma brasileira chega à semifinal no saibro parisiense desde 1966, quando Maria Esther Bueno chegou entre as quatro melhores. Além disso, na Era Aberta do tênis, Bia é a primeira tenista do país a se classificar para as semifinais de um Grand Slam.
“Tenho consciência da história que faço para o tênis feminino brasileiro. Eu estava séria no final do jogo porque foi um jogo duro e eu nunca tinha ganho dela (Ons Jabeur). Estou muito feliz com a vitória de hoje, mas seguirei com os pés no chão. Eu sempre fui lutadora. Há infinitas razões para pensar nas coisas difíceis, na minha vida foi assim também. Eu sempre que enfrentei um momento difícil, pensei, estou passando por isso por algum motivo. É racional para mim. Baixar a cabeça nunca é uma opção. E por sermos sul-americanos é bem mais difícil”, declarou Bia Haddad na coletiva de imprensa depois da partida.
A tenista fez questão de compartilhar as láureas desse triunfo histórico com a equipe de profissionais que trabalham com ela e mostrar ao mundo que não conquistou esse caminho sozinha.
“Eu tenho um time incrível junto comigo. Nós conseguimos trabalhar bem forte no físico, e o meu técnico no mental. Eu acho que isso é tênis. Nós trabalhamos durante um ano inteiro por esse momentos. Quando a partida de hoje terminou, eu só olhei para o meu time e disse ‘Nós conseguimos’. Estou muito feliz com o resultado e muito animada para a próxima partida”, afirmou Bia Haddad.
Ranking WTA;
Número 1 do Brasil e 14ª colocada do mundo, Beatriz Haddad Maia tem tudo para aproveitar o grande desempenho no Grand Slam francês para alcançar o top 10 pela primeira vez. Ao alcançar as semifinais, a tenista brasileira vai subindo provisoriamente para o 10º lugar no ranking, com 2.910 pontos, mas ainda pode ser superada pela tcheca Karolina Muchova, semifinalista em Paris, que se for campeã chegará a 2.995 pontos.
Outro cenário para Bia Haddad se garantir no top 10 é vencer a semifinal e chegar à final. Neste caso, a brasileira chegaria a 3430 pontos e não seria alcançada por Muchova mesmo em caso de título da tcheca. Neste cenário, Bia Haddad garantiria a oitava posição.
Já em caso da conquista do título de Roland Garros, Bia Haddad alcançaria a sexta posição no ranking, ultrapassando, inclusive, Ons Jabeur.
Além do avanço no ranking da WTA, Bia Haddad garantiu uma premiação importante. A presença na semifinal de Roland Garros assegura à brasileira o valor de 630 mil euros (cerca de R$ 3,38 milhões).
Bia Haddad também vai receber 27 mil euros (R$ 144,7 mil), pela campanha na chave de duplas. Ao lado de Azarenka, a brasileira alcançou a segunda rodada do torneio. Ao todo, portanto, Bia já garantiu 657 mil euros, o equivalente a R$ 3.524.700.
Agenda:
Bia Haddad pode atingir outra grande marca para sua carreira e o tênis brasileiro na manhã desta quinta-feira (8), por volta de 11h30 (horário de Brasília). Para isso, a brasileira vai enfrentar a polonesa Iga Swiatek na semifinal.
A rival é a atual número 1 do mundo, mas Beatriz Haddad Maia conta com um histórico recente ao seu favor. No ano passado, no WTA 1000 de Toronto, Bia venceu a líder do ranking no único jogo entre as duas.
“Ela (Iga Swiatek) é a número 1 do mundo e uma das melhores tenistas que temos. Ela é jovem e uma pessoa incrível também, além de já ter ganhado aqui em Roland Garros duas vezes. Eu vou tentar aproveitar e jogar ponto a ponto. Vou deixar tudo em quadra, não tenho nada a perder. Vou tentar o meu máximo, jogar o meu melhor e tentar melhorar o que preciso”, disse.
A última brasileira finalista em Roland Garros foi Maria Esther Bueno. A “Bailarina do Tênis” foi finalista do torneio em 1964, outra marca que Bia poderá alcançar se vencer a partida contra a polonesa.
Ricardo Lima / Fonte: Ildeu Iussef – Jornal “O Hoje”.