Empresários de sucesso, Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador auxiliam o Galo nas tomadas de decisões mais importantes na gestão Sérgio Coelho
O momento de euforia vivido pelo Atlético dentro de campo, com as contratações de grandes estrelas, como Hulk e Diego Costa, e fora das quatro linhas, com a construção da Arena MRV, só está sendo possível graças ao apoio financeiro e gerencial de três empresários: Rubens Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães. Juntos, eles participam de um órgão colegiado que toma as decisões mais importantes do clube na administração do presidente Sérgio Coelho. Outro integrante desse time é Rafael Menin, filho de Rubens.
Os três principais têm grande sucesso nas empresas nas quais possuem participação, com cifras que chegam aos bilhões de reais. O Superesportes procurou especialistas do mercado financeiro para conhecer a fortuna e saber como andam os negócios dos mecenas atleticanos.
Rubens Menin:
Considerado o 15º mais rico do Brasil, segundo a revista Forbes de agosto deste ano, que levou em consideração para o levantamento a participação dos empresários em companhias listadas em bolsas de valores como principal fonte de informação.
A maior parte do dinheiro de Menin tem origem em sua participação na construtora MRV. O patrimônio dele está avaliado em R$ 18,9 bilhões. É o empresário mais rico de Minas Gerais, de acordo com a publicação norte-americana.
Segundo o site da MRV, Rubens Menin é proprietário de 37,8% das ações da empresa. O restante é dividido da seguinte forma: outros (46,9%), Atmo (10,1%), Dynamo (4,1%) e executivos e membros do conselho (1,2%). Em 2019, a empresa comprou a AHS Residential, entrando no mercado dos Estados Unidos.
Menin estima patrimônio de R$2 bilhões para o Atlético até o fim de 2023.
O analista Raul Grego Lemos, da Eleven, elogia o desempenho da empresa neste momento. “A MRV Engenharia apresentou um bom resultado no segundo semestre de 2021, gerando alavancagem operacional e forte crescimento operacional na comparação anual. Entre os principais destaques, estão: (I) investimento nas novas frentes segue crescendo; (II) crescimento de 9,7% na receita líquida, atingindo R$ 1,8 bilhão; (III) manutenção das despesas operacionais, compensando o efeito negativo dos aumentos dos custos de materiais que pressionaram a margem bruta; e (IV) lucro líquido de R$ 203 milhões, 16,5% acima das nossas estimativas”, destacou.
Rubens Menin é o grande fiador das transformações no Atlético. O estádio do clube está sendo construído, no Bairro Califórnia, em Belo Horizonte, em uma área doada pelo empresário, avaliada em R$ 49 milhões.
Menin ainda comprou o naming rights da arena por R$ 60 milhões, em contrato de 10 anos. Ao fim desse período, a MRV tem a opção de extensão por mais cinco anos por R$ 30 milhões.
As várias contratações feitas pelo alvinegro nos últimos meses tiveram o apoio financeiro de Menin, que tem crédito de cerca de R$ 330 milhões com o clube, segundo informações divulgadas pelo Galo Business Day, em abril.
Outro da família que apoia o clube é Rafael Menin, com participação em tomada de decisões e atuação administrativa. Ele é o CEO da MRV. A família Menin é proprietária de conglomerado que inclui a CNN Brasil, o Banco Inter, a Log Commercial Properties e a Rádio Itatiaia, além da MRV.
Quem entrou para o clube dos super-ricos neste ano foi a família Salvador, proprietária da rede hospitalar Mater Dei, que abriu capital na bolsa em abril. A fortuna da família está avaliada em R$ 5,95 bilhões pela revista Forbes.
Renato Salvador:
É o homem de confiança do presidente Sérgio Coelho em assuntos relacionados ao futebol. Ele foi um dos responsáveis pela chegada do técnico Jorge Sampaoli ao Atlético. Em 2020, viralizou uma foto na qual Sampaoli aparece bebendo uma taça de vinho na casa de Salvador.
Do trio de mecenas, Renato é o mais reservado, evitando aparições públicas na imprensa esportiva.
Irmão de Renato, o médico mastologista Henrique Salvador Silva é o principal nome à frente do Mater Dei, ocupando o cargo de CEO da empresa. De acordo com o site da B3 (bolsa de valores de São Paulo), Henrique tem 3,42% das ações em seu nome. Renato é o segundo, com 2,49%. As irmãs Maria e Márcia, além dos netos do patriarca José Salvador Silva, também fazem parte do quadro acionário. A maioria das ações está concentrada na JSS Empreendimentos e Administração Ltda, de propriedade da família (61,76%).
Em relatório, a analista Marina Ferraz explicou o momento da rede Mater Dei, novata na bolsa. “Os destaques do trimestre foram: (I) aumento de 6,6 por cento percentual na taxa de ocupação no trimestre, passando de 68,1% no primeiro trimestre de 2021 para 74,7% no segundo semestre de 2021, (II) aumento do EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em mais de 50% ao ano, atingindo 34,6%, seu maior patamar histórico, e 10,7 pontos percentuais, acima da mesma métrica da Rede D’Or, atual líder do setor; (III) maior número de internações relacionadas à COVID-19 e (IV) anúncio da aquisição do Grupo Porto Dias.”
Em julho, a rede Mater Dei comprou 70% do Grupo Porto Dias (PDG), maior rede privada de hospitais da região Norte do Brasil, por R$ 800 milhões, além da emissão de 27 milhões de ações da Mater Dei (7,1% do capital total) em favor dos acionistas da PDG.
Ricardo Guimarães:
Quem fecha o trio de mecenas é Ricardo Guimarães, que já presidiu o clube de 2001 a 2006. Ele viveu à frente do Galo um momento difícil, com o rebaixamento para a Segunda Divisão em 2005. Nos últimos anos, tem dado suporte financeiro. Além disso, doou um terreno para ampliação da Cidade do Galo em 2006.
De acordo com o presidente Sérgio Coelho, a chegada do atacante Diego Costa foi bancada em parte pelo dinheiro do empresário.
Em junho deste ano, o Atlético diminuiu a sua dívida com a família Guimarães em R$ 70 milhões: de R$ 155 milhões para R$ 85 milhões. Do valor que será pago, o Atlético desembolsará R$ 20 milhões ao ex-presidente. Os outros R$ 65 milhões serão quitados em forma de patrocínio do Banco BMG na camisa do time principal.
De acordo com o site do BMG, a família Guimarães detém 82,5% das ações do banco, restando 17,5% para acionistas minoritários. O valor de mercado do banco é de R$ 2,3 bilhões, segundo a Eleven Financial Research, que informa que “o BMG encerrou o segundo trimestre de 2021 com a carteira de crédito da companhia em R$ 14,4 bilhões, com expansão de 1,7% no terceiro trimestre e 15,7% ao ano”.
“O banco teve lucro líquido recorrente de R$ 85 milhões no segundo trimestre de 2021, o que representa queda de 2,9% no terceiro trimestre e de 15,2% ao ano”, completa a Eleven.
Desafio de fazer o Atlético sustentável:
O grande desafio do trio de mecenas super-ricos e de Rafael Menin é fazer do Atlético um time sustentável. Com dívida total de R$ 1,209 bilhão, o Galo pretende diminuí-la para R$ 341 milhões até 2026. Entre 2019 e 2020, o débito atleticano aumentou em R$ 462 milhões.
Para o economista e consultor do Itaú BBA, Cesar Grafietti, o grande risco do projeto do Atlético é não conseguir se sustentar sem o dinheiro dos bilionários. “Você só consegue sair dessa armadilha quando tiver um volume de receitas que é capaz de pagar sozinho as suas contas. Onde o projeto espera terminar? Na hora que o estádio (Arena MRV) estiver pronto. Aí você agrega mais receitas com bilheteria, sócio-torcedor, ter mais conquistas que permitam aumentar a receita variável de premiação e de TV, eventualmente vendendo jogadores, melhorando a gestão de publicidade”, disse o economista, em entrevista ao Superesportes em julho deste ano.
“Todo projeto tem um risco. Certamente, esse é um risco conhecido e medido na estrutura do Atlético até pela história da família Menin nos negócios. É um problema que o clube precisa começar a reduzir os custos com uma receita menor. A gente só vai saber o resultado desse grande projeto em três, quatros anos, nas horas em que as coisas estiverem funcionando no estádio. Se haverá sucesso, ou se precisará repensar alguma coisa no meio do caminho”, completou.
Ricardo Lima / Fonte: Thiago Madureira “Superesportes”