Fundação Lemann ouviu 1315 responsáveis de mais de 2,1 mil crianças e adolescentes, além de outros 218 jovens de 10 a 15 anos
Estudo realizado pela Fundação Lemann, em parceria com o Instituto Natura, mostrou que 94% das crianças e adolescentes apresentaram mudanças de comportamento durante a pandemia da Covid-19. Intitulada “Onde e como estão as crianças e adolescentes enquanto as escolas estão fechadas?”, a pesquisa mostrou que, de acordo com pais e responsáveis, 56% dos jovens ganharam peso, 44% se sentiram mais tristes, 38% apresentaram maior medo e 34% perderam o interesse pela escola.
No levantamento, foram ouvidos 1315 responsáveis de mais de 2,1 mil crianças e adolescentes entre a faixa etária de 4 e 18 anos matriculados na rede pública ou fora da escola. Outros 218 jovens de 10 a 15 anos foram entrevistados.
Segundo dados coletados, em crianças e adolescentes de famílias de até dois salários-mínimos, as porcentagens das categorias avaliadas se mostraram ainda maiores, uma vez que 59% delas ganharam peso, 51% passaram a dormir mais, 48% se mostraram mais agitados, 46% se sentiram mais tristes e 35% perderam o interesse pela escola.
O tempo em que os jovens passam em eletrônicos também demonstrou aumento durante a pandemia, segundo a pesquisa. De acordo com os dados, com o aumento do tempo em casa e a alteração na rotina, 37% das crianças e adolescentes jogam videogame ou usam o celular com maior frequência que antes da Covid-19. Em relação ao tempo que passam na frente da TV, 43% dos jovens também perceberam aumento.
Outro quesito avaliado foi a segurança alimentar, já que 34% das famílias entrevistadas afirmaram que a quantidade de comida disponível foi menor que o suficiente. Entre as pessoas que relataram essa insuficiência alimentar, 63% são pretos e pardos, 63% das famílias ganham até um salário-mínimo e 66% afirmou que alguém da casa perdeu o emprego ou fontes de renda durante a pandemia do coronavírus.
Para a gerente do Instituto Natura, Maria Slemenson, os dados levantados pela pesquisa só reforçaram o papel da escola e desse ambiente na vida das crianças e adolescentes. “Claro que é um espaço de ampliação de repertório e aprendizagem, mas também é de convívio e desenvolvimento pessoal, além de ser, para muitos, espaço de alimentação. Isso coloca muita luz no papel da escola e do retorno presencial das aulas”, afirmou.
A pesquisa ainda mostrou que 75% dos jovens entrevistados sentem falta das aulas presenciais ou de algum professor. Outras 60% têm saudade do convívio social e dos amigos. Antes da pandemia, pelo menos 40% das crianças e adolescentes sonhavam com determinadas profissões, porcentagem que caiu para 37%. O maior sonho, no momento, para 17% dos consultados pela apuração, é que a pandemia acabe.
*Informações de Agência Brasil