Presidente do rubro-negro afirmou que não quer ver o rival subir, mas garante postura competitiva da equipe na reta final da Série B
O presidente do Atlético-GO, Adson Batista, concedeu uma entrevista exclusiva à ESPN que repercutiu fortemente nos bastidores do futebol goiano. Além de avaliar a campanha do Dragão na Série B, o dirigente falou sobre os desafios estruturais da competição, comentou o planejamento para 2025 e deu declarações sinceras sobre o rival Goiás, que ainda luta pelo acesso.
A análise de Adson sobre a temporada começa com um reconhecimento transparente das falhas do Atlético-GO. Ele admite que o início de campeonato abaixo do esperado comprometeu qualquer chance real de brigar pelo retorno à elite. O dirigente lembra que o clube promoveu uma ampla reformulação ao longo do torneio, que resultou em um segundo turno mais consistente e competitivo. No entanto, a reação tardia não foi suficiente para recuperar os pontos perdidos de maneira considerada evitável.
Para Adson, a Série B exige regularidade e resiliência, atributos que o Atlético-GO não conseguiu manter nas rodadas iniciais. Ele lamenta empates acumulados e atuações irregulares, reforçando que a diferença entre subir e permanecer na competição costuma estar em pequenos detalhes. Mesmo assim, o presidente garante que o elenco seguirá empenhado até o fim, destacando o compromisso em honrar as cores rubro-negras e entregar uma reta final de campeonato digna.
A entrevista também trouxe à tona um tema que o dirigente vem defendendo há vários anos: a necessidade de Fair Play financeiro no futebol brasileiro. Adson aponta que a Série B vive uma escalada de custos sem precedentes, enquanto a receita oferecida aos clubes ainda está longe do ideal. Para ele, o cenário atual cria uma distorção perigosa, em que algumas equipes agem acima de suas capacidades financeiras, correndo riscos que se tornam dívidas impagáveis no futuro.
Segundo o presidente, os clubes da Série B sofrem uma pressão crescente de empresários, atletas e agentes, que elevam salários e exigências mesmo em um ambiente economicamente limitado. Ele cita o Atlético-GO como um exemplo de gestão responsável, afirmando que o clube não acumula dívidas profundas e mantém um planejamento cuidadoso para 2025. Apesar disso, alerta que a competição precisa de uma reformulação estrutural para se tornar sustentável, tanto esportiva quanto economicamente.
Ao falar sobre o futuro do Atlético-GO, Adson demonstra confiança e destaca que a próxima temporada está sendo planejada com antecedência. A meta, segundo ele, é montar um projeto competitivo, mas dentro das condições financeiras do clube. O dirigente acredita que o Dragão tem potencial para voltar à Série A, desde que trabalhe com estabilidade, coerência e reforços estratégicos.
Entretanto, foi ao abordar o rival Goiás que Adson Batista protagonizou o momento mais comentado da entrevista. Em um raro gesto de franqueza absoluta, ele declarou que não deseja ver o Goiás na Série A em 2025. Apesar disso, fez questão de frisar que o profissionalismo sempre prevalecerá. Para o presidente, a rivalidade não pode ultrapassar os limites éticos do esporte, e o Atlético-GO nunca irá facilitar resultados ou diminuir seu nível de competitividade para prejudicar ou beneficiar terceiros.
Adson reforça que sua postura é conhecida por todos que acompanham sua trajetória no futebol. Ele garante que o clube entrará em campo com seriedade até a última rodada, independentemente dos interesses externos. Na visão dele, o Goiás tem sua própria caminhada e não depende do Atlético-GO para conquistar o acesso.
As declarações de Adson acrescentam mais um capítulo à histórica rivalidade entre os dois maiores clubes do estado, intensificando o ambiente emocional da reta final de Série B. Ao mesmo tempo, evidenciam o clima de cobrança, responsabilidade e pressão que envolve dirigentes que tentam equilibrar ambição esportiva e gestão financeira em um dos campeonatos mais difíceis do país.
Com o Dragão praticamente sem chances matemáticas de acesso, a torcida volta suas atenções para o fechamento da temporada e, principalmente, para a construção do projeto de 2026. Adson Batista, como de costume, assume o protagonismo de conduzir o clube entre críticas, expectativas e declarações contundentes, características que já o tornaram uma das figuras mais marcantes do futebol goiano.
Ricardo Lima
