Derrota em El Alto expõe fragilidade da Seleção Brasileira, que termina em quinto lugar com 28 pontos e chega à Copa do Mundo sob desconfiança
A Seleção Brasileira encerrou, na última terça-feira (9), a sua participação nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026 de forma melancólica derrotada pela Bolívia por 1×0 , na altitude de 4.100 metros de El Alto. O resultado, além de histórico, simboliza a pior campanha do Brasil na história do torneio desde que o formato de pontos corridos foi adotado em 1996.
Com apenas 28 pontos em18 jogos, a equipe terminou na quinta posição, com 8 vitórias, 4 empates e 6 derrotas, um aproveitamento de apenas 51%, o mais baixo de todos os tempos para a Seleção em Eliminatórias. Para efeito de comparação, até mesmo em 2002, quando o Brasil passou por dificuldades, a campanha terminou com 30 pontos e o time sagrou-se campeão mundial meses depois.
Altitude pesa, mas o problema é mais profundo:
O técnico Carlo Ancelotti que chegou já na reta final do ciclo, apostou em uma estratégia de cadenciar o ritmo para enfrentar os efeitos da altitude extrema. Mas o plano falhou. A Bolívia foi superior, dominou o meio de campo e aproveitou o embalo da torcida para pressionar o Brasil desde os primeiros minutos.
O único gol da partida saiu aos 33 minutos do primeiro tempo, em cobrança de penalti do jovem Miguelito, revelado pelo Santos e atualmente no América-MG, após falta de Bruno Guimarães. O Brasil tentou reagir no segundo tempo com as entradas de Estêvão, Raphinha e João Pedro, mas não conseguiu criar chances reais de gol.
Os números não deixam dúvidas:
Finalizações — Bolívia: 23 | Brasil: 10
Chutes no gol — Bolívia: 9 | Brasil: 3
Posse de bola — Brasil teve mais, mas foi ineficiente.
Campanha irregular e preocupante:
O Brasil perdeu 6 jogos nas Eliminatórias, recorde negativo. Entre os tropeços mais duros:
Derrota por 4×1 para a Argentina, em casa
Revés para o Uruguai por 2×0, fora
Empates com Paraguai e Peru
E agora, a derrota histórica para a Bolívia
Além dos resultados, a falta de identidade da equipe chamou atenção. O ciclo começou com Fernando Diniz, passou por Dorival Júnior, e terminou com Ancelotti, o que prejudicou a construção de um padrão tático e de entrosamento.
Ancelotti sob pressão:
Com a classificação garantida graças ao aumento de vagas para o Mundial (agora com 6 diretas + 1 repescagem para a América do Sul), o Brasil será cabeça de chave no sorteio da Copa de 2026. Mas o rótulo pouco esconde a realidade.
Ancelotti terá três janelas de amistosos internacionais até a estreia na Copa, incluindo jogos contra Japão e Coreia do Sul, para ajustar a equipe, buscar consistência e, principalmente, reconquistar a confiança do torcedor brasileiro.
Histórico nas Eliminatórias (pontos conquistados):
1998: 30 pts
2002: 30 pts
2006: 34 pts
2010: 34 pts
2014: (Não participou – sede)
2018: 41 pts
2022: 45 pts
2026: 28 pts – Pior Campanha
Ficha Técnica: Bolívia 1 x 0 Brasil
Data: 09/09/2025
Local: Estádio Municipal de El Alto, El Alto (BOL)
Público: 22.000 torcedores (aproximadamente)
Árbitro: Andrés Matonte (URU)
Gol:
Miguelito (BOL), aos 33’ do 1º tempo (pênalti)
Bolívia:Lampe; Diego Medina (Yomar Rocha), Haquín, Morales e Roberto Fernández; Villamíl, Robson Matheus e Ervin Vaca (Hector Cuellar); Miguelito, Enzo Monteiro (Algarañaz) e Moisés Paniagua.
Técnico: Óscar Villegas
Brasil:Alisson; Vitinho (Marquinhos), Fabrício Bruno, Alexsandro e Caio Henrique; Andrey Santos (Jean Lucas), Bruno Guimarães e Paquetá; Luiz Henrique (Estêvão), Samuel Lino (Raphinha) e Richarlison (João Pedro). Técnico: Carlo Ancelotti.
Opinião: o alerta foi dado
O Brasil chegará ao Mundial com o rótulo de “favorito tradicional”, mas longe de viver um grande momento. A Seleção precisa evoluir e rápido. Não basta ter nomes promissores se o coletivo não funciona. A derrota para a Bolívia acende um alerta vermelho, não apenas pelo placar, mas pela falta de reação, criatividade e liderança em campo.
O tempo é curto. E a pressão é alta.
Ricardo Lima