Ex-presidente teve alta hospitalar nesta quarta-feira
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu alta hospitalar na tarde desta quarta-feira (17), após ser internado no Hospital DF Star, em Brasília. A alta, no entanto, vem acompanhada de um diagnóstico de câncer de pele. A informação foi dada à imprensa pelo médico Cláudio Birolini, chefe da equipe cirúrgica do hospital.
Segundo ele, exames identificaram duas lesões compatíveis com câncer de pele no líder conservador.
No último domingo (14), Bolsonaro foi submetido a um procedimento cirúrgico para remover lesões de pele, no mesmo hospital, no Distrito Federal. O material extraído foi submetido a biópsia, que indicou a “presença de carcinoma de células escamosas ‘in situ’, em duas das oito lesões removidas”, de acordo como novo boletim médico divulgado na tarde desta quarta (17).
– Duas das lesões vieram positivas para o carcinoma de células escamosas, que não é nem o mais bonzinho e nem o mais agressivo, mas, ainda assim, é um câncer de pele – disse Claudio Birolini.
O médico também explicou que as lesões foram retiradas, mas a característica da pele de Bolsonaro inspira cuidados.
– O que ele vai ter que fazer é ser avaliado periodicamente para ver se outras lesões apresentam suspeitas. Com relação a essas lesões, elas foram retiradas, mas pela característica da pele dele, por ter tomado Sol sem proteção, é caso de avaliação periódica. Não é caso de nenhum tratamento coadjuvante agora – afirmou.
Nesta terça (16), o ex-presidente havia dando entrada novamente no hospital apresentando crises de soluço, vômito e pressão baixa. Segundo a equipe médica, exames evidenciaram persistência da anemia e alteração da função renal, com elevação da creatinina.
Sintomas comuns do câncer de pele
O câncer de pele não-melanoma é o tumor maligno mais incidente no Brasil e representará 31,3% dos casos de câncer entre 2023 e 2025, de acordo com estimativa do INCA (Instituto Nacional do Câncer).
Ele pode ser classificado em carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular.
O primeiro é o tipo mais frequente, com crescimento normalmente mais lento, e que costuma se manifestar pelo aparecimento de uma lesão em forma de nódulo rosa na pele exposta do rosto, pescoço e couro cabeludo.
O sinal também pode ser uma mancha persistente, vermelha, com bordas irregulares que sangra facilmente.
Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ferida de difícil cicatrização mesmo quatro semanas após o aparecimento ou área avermelhada, em relevo, irritada e que pode coçar.
“Ambos os tipos estão relacionados à alta exposição dos raios solares e devem ser prevenidos com protetor solar e consultas frequentes com dermatologista são importantes para detecção do câncer na sua fase inicial”, aponta Sheila Ferreira, oncologista do Grupo Oncoclínicas e especialista em oncologia clínica pelo Hospital AC Camargo Cancer Center.
Já o chamado câncer de pele do tipo melanoma, apesar de considerado como sendo de baixa incidência – estima-se 8.450 novos diagnósticos por ano no Brasil, cerca de 3% dos cânceres de pele -, é o mais agressivo e requer atenção redobrada.
“Os melanomas são neoplasias malignas de melanócitos, que são células pigmentadas localizadas na camada é responsável pela renovação da epiderme (parte mais superficial da pele)”, diz a dermatologista Bethania Cavalli do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual).
O aparecimento do melanoma também está relacionado à exposição solar e o tumor tem potencial de metástase (quando células cancerígenas se espalham para outros órgãos). Isso se deve, explica Cavalli, às células cancerosas possuírem um potencial ilimitado de replicação, além de capacidade de invasão tecidual e evasão do sistema imune.
São geralmente os casos que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do tempo.
Um jeito de identificar se uma pinta ou mancha pode representar algum perigo é utilizar a escala do ABCDE:
A de assimetria (se dividir a pinta em quatro partes, elas não são iguais)
B de bordas irregulares
C de cores, que avalia a variação da coloração
D de diâmetro (a pinta é maior do que seis milímetros)
E de evolução (mudança no padrão de cor, crescimento, coceira e sangramento)
“Os melanomas são mais comuns no dorso dos homens e nas pernas das mulheres. Pacientes negros e asiáticos tem uma localização mais comum nos pés e nas mãos, que chamamos de melanoma acral”, explica Bethania Cavalli.

Crédito, Getty Images
Os fatores de risco para câncer de pele
O principal fator de risco para o câncer de pele, tanto melanoma quanto não-melanoma, é a radiação ultravioleta.
Essa luz, explica Cavalli, causa um dano direto no DNA celular e induz ao estresse oxidativo, resultando em mutações gênicas que desencadeiam o câncer de pele.
“Além da radiação ultravioleta, a história familiar e a presença de múltiplas pintas também são fatores de risco. Pacientes transplantados apresentam maior risco de desenvolver câncer de pele, pois utilizam medicações que interferem na imunidade (imunossupressores).”
Como é feito o diagnóstico de câncer de pele
Feita pela própria pessoa em paralelo ao profissional de saúde, a observação regular das pintas do nosso corpo permite identificar novos sinais ou mudanças previamente não existentes.
“Hoje temos um aparelho chamado dermatoscópio que permite avaliar as pintas com mais detalhes e em grande aumento, complementando a avaliação da inspeção da pele. Quando temos dúvida, ainda temos um outro exame chamado microscopia confocal, que permite a obtenção de imagens de alta resolução e aspectos microscópicos, como se fosse uma biopsia ótica sem a necessidade de corte.”
A médica também destaca como opção o mapeamento corporal com dermatoscopia, uma técnica que avalia cada pinta individualmente com registro das imagens e permite o acompanhamento dos sinais para observar possíveis mudanças.
“Esse exame é muito útil para pacientes que apresentam múltiplas pintas e principalmente os que já tiveram antecedentes de melanoma.”
As opções de tratamento para o câncer de pele
Quando o câncer é descoberto em fase inicial, a indicação é que seja realizada a ressecção cirúrgica das lesões por especialista habilitado para que seja feita uma abordagem adequada nas margens ao redor do tumor, sem deixar partes que podem ser nocivas.
“Isso vale tanto para os casos de câncer de pele melanoma como para os não-melanoma. A cirurgia de fato é capaz de resolver a maioria dos casos, fazendo com que quaisquer outros tratamentos complementares sejam raramente necessários”, explica Sergio Azevedo, oncologista do Grupo Oncoclínicas e professor da Faculdade de Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Se a doença apresentar um estágio, subtipo, ou extensão mais grave, o especialista conta que outras condutas de tratamentos podem ser empregadas.
Em casos mais avançados e com metástase, especificamente de melanoma, a imunoterapia – um tratamento com medicação que ativa o sistema imunológico para que ele se torne capaz de combater as células malignas – tem provado ser uma alternativa com bons resultados para a qualidade de vida e bem estar dos pacientes.
Outro tipo de intervenção nestes cenários avançados, aponta o médico, para um número limitado de pacientes cujo melanoma apresenta uma mutação nos gene BRAF, é o uso de medicamentos orais que inibem a proliferação celular anormal.
Ricardo Lima / Fontes: Monique Mello – “Pleno News” / Victória Anhesini “Info Money”.