Em sintonia com os debates nacionais que tratam da proteção da infância e da adolescência, o Vereador Raimundo Neto, apresentou, durante a sessão ordinária da última segunda-feira (18/08), propostas legislativas que buscam enfrentar a adultização precoce de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. O parlamentar também propôs iniciativas de inclusão social e de reconhecimento público a cidadãos que contribuem com o desenvolvimento do município.
O destaque da sessão foi a apresentação do Projeto de Lei Legislativo Nº052/2025, de autoria do Vereador Raimundo Neto, que institui o Programa Municipal de Prevenção à Adultização Precoce. O programa deverá ser executado em parceria com órgãos estratégicos como o Conselho Tutelar e as secretarias de Educação, Assistência Social e Cultura, atuando de forma transversal na promoção de atividades que resguardem os direitos das crianças.
“Nossa prioridade é garantir que nossas crianças e adolescentes vivam cada fase da vida de forma digna, segura e com acesso a oportunidades que fortaleçam sua formação pessoal e social”, destacou o vereador.
Combate à adultização precoce:
Tema recorrente no debate público nacional, a adultização precoce é caracterizada pela imposição de responsabilidades, comportamentos ou aparências adultas a crianças e adolescentes, muitas vezes influenciada por contextos de vulnerabilidade, negligência ou exposição inadequada à mídia e à sexualização infantil.
Em Trindade, o projeto pretende atuar de forma preventiva, por meio de oficinas culturais, esportes, ações educativas nas escolas, orientação às famílias e educadores, visando reforçar o papel da comunidade na proteção da infância.
Uma pauta social ampla:
As propostas de Raimundinho seguem uma linha de atuação voltada à inclusão social, proteção da infância e valorização da cidadania ativa, temas que ganham cada vez mais espaço tanto no cenário nacional quanto nas ações locais de políticas públicas.
A expectativa é de que os projetos avancem nas comissões da Câmara Municipal nos próximos dias e sejam votados em plenário até o final do mês.
Adultização Infantil: Um Risco Invisível ao Desenvolvimento das Crianças:
A adultização infantil é um fenômeno preocupante que vem crescendo em ritmo acelerado, especialmente na era das redes sociais. Trata-se do processo em que crianças e adolescentes passam a assumir comportamentos, responsabilidades ou aparências típicas do mundo adulto, muitas vezes de forma precoce e inadequada para a sua idade.
Esse amadurecimento forçado pode parecer inofensivo em um primeiro momento, mas representa um risco real ao desenvolvimento emocional, psicológico e social das crianças. Ao invés de viverem plenamente a infância, etapa essencial marcada por brincadeiras, criatividade, aprendizagem e construção da identidade — muitas acabam expostas a pressões e estímulos que não são capazes de processar de maneira saudável.
Quando a infância é encurtada:
A adultização pode ocorrer de diversas formas: pela pressão familiar por resultados e comportamentos mais maduros; pela exigência social de aparência ou postura “adulta”; ou, mais recentemente, pelo impacto das redes sociais, onde crianças são incentivadas, muitas vezes inconscientemente, a se expor como miniadultos em busca de curtidas, seguidores e validação online.
Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube têm reforçado essa tendência, com crianças reproduzindo modas, danças e discursos adultos, muitas vezes com forte carga de sexualização precoce. A exposição a influenciadores digitais, que exibem rotinas e estilos de vida irreais ou voltados ao consumo e à estética, também contribui para esse quadro.
Causas comuns da adultização infantil:
Entre os principais fatores que alimentam esse fenômeno, destacam-se:
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Pressão familiar e escolar: Exigências por maturidade, desempenho e responsabilidades antes do tempo adequado.
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Mídia e redes sociais: Conteúdos inapropriados, modelos de comportamento adulto e a busca por aceitação virtual.
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Falta de supervisão: A ausência de diálogo e acompanhamento dos pais ou responsáveis na vida digital das crianças.
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Contextos de vulnerabilidade social: Em muitas famílias, crianças são forçadas a assumir papéis de cuidado, trabalho ou responsabilidade típicos de adultos.
Os efeitos da adultização:
A consequência mais direta da adultização é a perda da infância — período insubstituível para o desenvolvimento da personalidade, da empatia, da autonomia e da autoestima. Além disso, estudos apontam que a exposição precoce a pressões adultas pode gerar:
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Ansiedade e depressão
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Baixa autoestima
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Dificuldades de socialização
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Comportamentos agressivos ou autodepreciativos
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Distúrbios de imagem corporal.
O que pode ser feito?
A prevenção à adultização infantil passa pela educação familiar, acompanhamento escolar, e principalmente, por políticas públicas que protejam a infância de influências nocivas. Propostas como o Programa Municipal de Prevenção à Adultização Precoce, apresentado recentemente em Trindade-GO pelo vereador Raimundo Neto, são um exemplo de como o poder público pode agir nesse sentido.
O caminho está em resgatar o valor da infância como um tempo de cuidado, brincadeira, descoberta e proteção. E isso é uma responsabilidade de toda a sociedade.
Ricardo Lima / Fonte: C.M.Trindade / Educa + Brasil.