Lula destacou que tem defendido uma solução negociada entre Moscou e Kiev desde o início do conflito.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em Hanói, no Vietnã, que Donald Trump está tomando a direção certa ao discutir a paz na Ucrânia, oferecendo um raro elogio ao ex-presidente dos Estados Unidos. A declaração foi feita durante o encerramento de sua viagem de uma semana pela Ásia.
“Na medida que o Trump toma a decisão de discutir a paz entre Rússia e Ucrânia, que o ex-presidente Joe Biden deveria ter tomado, eu sou obrigado a dizer que o Trump está no caminho certo”, disse o presidente. O presidente do Brasil destacou que tem defendido uma solução negociada entre Moscou e Kiev desde o início do conflito.
Ele também recordou que o Brasil fez duras críticas à ocupação territorial da Rússia na Ucrânia e se ofereceu para ajudar a mediar a paz entre os dois países. Lula enfatizou que, na época, insistiu que não seria suficiente dialogar apenas com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, sendo necessário envolver também a Rússia nas negociações.
Lula anunciou que, na próxima semana, terá uma conversa telefônica com Zelensky para avaliar se o líder ucraniano está, de fato, interessado em buscar a paz. O presidente brasileiro também criticou os líderes europeus, que, segundo ele, sempre foram contra negociações com o presidente russo Vladimir Putin. Lula comentou que, agora que Trump iniciou o diálogo com Putin, a Europa quer se envolver e trazer Zelensky para a mesa de discussões, o que ele considera essencial para a paz.
Lula afirma que está disposto a dialogar com Trump para negociar tarifas:
Lula destacou que o Brasil tentará negociar com os Estados Unidos antes de tomar qualquer outra ação, como adotar medidas de reciprocidade ou recorrer à Organização Mundial do Comércio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste sábado (29), que não tem objeções em conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para buscar um acordo e evitar a implementação de tarifas entre os dois países, que entrarão em vigor no próximo dia 2. Em Hanói, durante sua viagem oficial ao Vietnã, Lula disse a jornalistas: “Se eu sentir necessidade de conversar com o presidente Trump, não terei nenhum problema em ligar para ele.”
Lula destacou que o Brasil tentará negociar com os Estados Unidos antes de tomar qualquer outra ação, como adotar medidas de reciprocidade ou recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). “Antes de entrar em disputas de reciprocidade ou recorrer à OMC, queremos utilizar todas as possibilidades diplomáticas para buscar o livre comércio com os Estados Unidos”, afirmou.
Ele também mencionou que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, estão em constante contato com representantes comerciais dos Estados Unidos para tratar da questão.
Desde que assumiu a presidência, Donald Trump tem aumentado as tarifas de importação como forma de fortalecer a indústria americana e corrigir o que considera serem desequilíbrios nas relações comerciais. Sobre essa política econômica, Lula disse não saber quais serão os impactos da postura protecionista de Trump, mas destacou que o presidente dos EUA tem o direito de adotar as medidas que considerar necessárias dentro de seu país, assim como o Brasil tem autonomia para conduzir sua própria política econômica.
Na quinta-feira (27), durante uma visita ao Japão, Lula refletiu sobre as consequências do aumento das tarifas, apontando que isso provavelmente resultará em preços mais altos e, consequentemente, em taxas de juros mais elevadas nos Estados Unidos.
“A única coisa que sei é que o povo americano terá que pagar mais caro por produtos. Isso pode gerar um aumento da inflação, o que levaria ao aumento dos juros. O aumento dos juros significa uma desaceleração da economia. Portanto, não prevejo um cenário positivo para essa política de aumento de tarifas”, concluiu Lula.
Ricardo Lima / Fonte: Letícia Marielle – “O Hoje”.