Com candidatura própria, tucanos querem mostrar jovialidade sem abrir mão da maturidade para lançar nome à Prefeitura de Goiânia
“O partido é como o leito de um rio. Ele corre no centro.” Essa é a definição lacônica que o ex-deputado estadual Hélio de Sousa dá sobre o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), sigla da qual ele é hoje o presidente estadual. À luz do que já foi um dia, quando governou o país com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, rivalizou com o PT por décadas na disputa pela Presidência da República e fez dezenas de governadores em todo o país, o partido agora tem reafirmado o desejo de recuperar o espaço que perdeu após o seu próprio encolhimento nos últimos anos.
O ex-governador de Goiás e recém-eleito presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, colocou o projeto do partido na mesa, os tucanos devem manter postura distante dos extremismos políticos e focar em uma coisa só, o equilíbrio. É uma espécie de reinvenção para quem outrora sempre fizera parte da polarização. Para Perillo, é hora de ressaltar a ideia de que “extremismo não é bom em lugar nenhum do mundo”.
É com isso em mente que o partido pretende alcançar, no pleito municipal deste ano, a Prefeitura de Goiânia. Com candidatura própria, o próximo dia 2 de março deve selar o que a sigla realmente quer mostrar desta vez. No páreo, o jornalista Matheus Ribeiro, a vereadora Aava Santiago e o ex-vice-prefeito de Goiânia, Valdivino de Oliveira, são os nomes testados para a pré-candidatura na Capital e que sugerem, na largada, um desejo do partido em se apresentar jovem e vigoroso ao passo em que não abre mão da experiência e da maturidade.
Dentro do PSDB, porém, as correntes não desaguam no mesmo mar. Na avaliação de Hélio de Sousa funciona assim: os tucanos caminham mais à direita quando o assunto é privatização, por exemplo, e mais à esquerda quando se fala em benefícios sociais através de programas governamentais. Isso é o que justifica o cálculo que o dirigente faz da legenda. “Dentro do partido, nem todos pensam igual. 70% da liderança do PSDB é de centro; 20% é formado pela centro-direita; e os 10% pela centro-esquerda”, diz Sousa ao jornal O HOJE.
Essa formação mista faz com que dentro do PSDB exista hoje a ala mais oposicionista ao governo federal, segmento mais forte e vocalizado pelo próprio presidente Marconi Perillo, outra ala simpática ao progressismo e às ideias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e uma outra que é adepta à postura histórica da sigla, favorável ao equilíbrio fiscal e ao crescimento econômico, à defesa da democracia e à descentralização política.
A vereadora Aava Santiago, presidente do PSDB em Goiânia, é a principal representante da ala progressista entre os tucanos, por exemplo. Ela declarou apoio ao então candidato Lula no segundo turno das eleições de 2022 e fez parte da equipe de transição do petista, após a vitória nas urnas. Na época, ficou responsável pelo desenvolvimento de políticas para mulheres, uma de suas principais bandeiras enquanto parlamentar.
Há no horizonte dos tucanos a eleição deste ano, que é o momento de penetrar nos municípios, mas um projeto nacional para 2026 é a força motriz para que o PSDB não sucumba ao estarrecimento com seu próprio tamanho até aqui: 345 prefeitos eleitos em 2020, contra 531 na eleição de 2016. Segundo o jornal Valor Econômico, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tem afirmado a pessoas próximas que o pleito deste ano deverá ser um dos mais complicados da história para o partido.
O nome do PSDB em Goiânia deverá concorrer com pré-candidatos que contarão com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como é o caso da deputada federal Adriana Accorsi, e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como é o caso do deputado federal Gustavo Gayer.
Ricardo Lima / Fonte: Gabriel Neves Matos – Jornal “O Hoje”.