De acordo com o Movimento, as terras pertencem ao governo e não cumprem seu objetivo principal, assim eles devem destinar as terras para a reforma agrária. (Foto: Divulgação ) |
Na madrugada desta segunda-feira (3), 250 integrantes ligados ao Movimento Sem Terra (MST) em Pernambuco, invadiram o Engenho Cumbe, no município de Timbaúba, Mata Norte do estado, localizado no entroncamento entre dois engenhos, o Jussara e o Julião Grande, todos na extensão da Usina Cruangi. A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que o MST realiza em todo país no mês de abril, também conhecida como Abril Vermelho.
De acordo com nota divulgada pela assessoria do MST, os três engenhos ocupados acumulam aproximadamente 800 hectares de terras que não cumprem a sua função social, que seria produzir alimentos para a sociedade. “Os engenhos ocupados pelos Sem Terra também são terras devolutas (públicas), pertencentes ao governo de Pernambuco, que foram griladas pela usina; uma prática com origem no Brasil monárquico. Em relação ao meio ambiente, a situação também é grave, com situação atual predatória e impactos à natureza”, informou. Eles ainda acrescentam que “para acabar com a situação de insegurança alimentar e nutricional é de suma importância a desapropriação de terras que não cumprem sua função social, para produzir alimentos, gerar renda, eliminar a fome e garantir moradia.”
Jaime Amorim da coordenação Nacional do MST e representante da Via Campesina no Cone Sul reforçou que o MST sempre esteve em atuação, mesmo durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Como é normal no mês de abril, o Movimento sempre fez ocupações… no ano passado fizemos oito ocupações nesse período do Abril Vermelho”, explicou.
A Polícia Militar, procurada, divulgou por meio de nota que soube da ocorrência pelas redes sociais e que “o policiamento se deslocou para a Sede da Usina e manteve contato com um funcionário a respeito das informações circuladas.” Ao chegarem lá, foi constatado “a veracidade das informações. Foram visualizados automóveis e motocicletas e já havia sido erguida a Bandeira do MST.” A Polícia Militar só poderá atuar no caso por ordem judicial.
CPI DO MST:
De autoria do deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) e com apoio da da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que vai investigar o MST, alcançou 172 assinaturas, número mínimo para que o projeto fosse protocolado. No documento é pedido uma investigação sobre as invasões realizadas principalmente durante atos do Abril Vermelho. A CPI do MST também deve apurar os repasses de recursos de organizações não-governamentais ao Movimento Sem Terra.
A bancada ruralista, que coordena a ação, disse que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já deu o sinal verde sobre a instalação da CPI do MST, mas ainda não deu um cronograma para o início dos trabalhos legislativos.
Até a publicação desta matéria, às 14h18min, o Governo de Pernambuco não se manifestou sobre o caso.
Ricardo Lima / Fonte: Eduarda Oliveira – Diário do Pernambuco.